Votorantim Metais cresce com demanda interna
Votorantim Metais cresce com demanda internaPara a Votorantim Metais, holding do negócio mineração e metalurgia do grupo Votorantim que faz zinco, níquel e aço, exportar é bom, mas vender no mercado interno é melhor ainda. Tanto que o aquecimento da economia do país vem nos últimos meses levando a companhia a reduzir seus embarques de zinco ao exterior para atender a demanda doméstica. Até julho, as vendas no país cresceram 8% sobre igual período de 2003.
Em junho, as exportações responderam por 25% das vendas. No mês passado caíram para 15%, disse Paulo Motta Jr., diretor do negócio zinco. ‘Isso é muito bom’, comentou. Ele explica que é mais atrativo vender para clientes locais. ‘Há ganhos logísticos e um prêmio pela pronta entrega e pela assistência técnica.’ O valor de exportação é o referencial da bolsa de metais de Londres (LME).
Se a demanda interna se mantiver aquecida, a companhia espera fechar 2004 com 20% de exportação sobre as 273 mil toneladas da produção prevista. Isso representa 54 mil toneladas. Em 2003, os embarques somaram 77 mil toneladas, quase 29% do total produzido.
Cerca de 85% do zinco produzido é utilizado para fabricação de produtos anti-corrosão. Além disso, é usado nas indústrias de cosméticos, farmacêutica e alimentícia. No Brasil, o consumo per capita é de 1,5 quilo ao ano, enquanto nos EUA e Europa chega a 6 quilos.
Os principais mercados consumidores no Brasil são a indústria automotiva e de pneus, além de fábricas de equipamentos e autopeças e siderúrgicas.
A galvanização é o carro-chefe da demanda no país, com cerca de 50%. Nesse segmento são grandes clientes a Cia. Siderúrgica Nacional, Unigal, GalvaSud e Vega do Sul. Esse setor tem capacidade instalada no país de 2,5 milhões de toneladas, mas no momento usa pouco mais da metade. A indústria de pneus responde por 8%, mesmo percentual da área de arames e do segmento de latão. Outro mercado importante é o cerâmico, com 5%.
‘O consumo de zinco e aço está muito vinculado’, diz o executivo. A demanda do metal chega a alcançar elasticidade de 1,5 vez em relação à expansão do PIB do país.
O negócio zinco do grupo Votorantim cresceu muito nos últimos quatro anos. De uma receita de R$ 278 milhões em 2000, está previsto alcançar R$ 1,07 bilhão em 2004. Nesse período, o preço variou de US$ 1,133 a tonelada na LME para a média de US$ 1,062 este ano. No meio do caminho, caiu para em torno de US$ 800.
O salto é fruto da expansão das unidades de mineração e metalurgia operadas pela controlada Cia. Mineira de Metais, em Vazante, Paracatu e Três Marias, todas em Minas Gerais, e da aquisição da Cia. Paraibuna de Metais, em abril de 2002. Nesses dois movimentos, a VM saiu de 110 mil toneladas para o patamar de 275 mil, consolidando-se com líder na América do Sul e entre as 10 maiores do mundo.
A unidade de metalurgia de Três Marias é abastecida com minério silicatado (62%) da mina de Vazante e com produto sulfetado da mina de Morro Agudo (23%) e importado do Peru (15%). É a única fábrica de zinco do mundo que opera com os dois tipos de matéria-prima, o que lhe garante elevado índice de competitividade, explica Antônio Eymard Rigobello, gerente geral da unidade.
Essa fábrica ganhou no fim de 2001 uma nova sala de eletrólise (onde ocorre a fabricação do zinco em catodos) com capacidade para 140 mil toneladas ao ano, que custou R$ 80 milhões. Com isso, foram desativadas duas antigas – uma de 40 mil e outra de 20 mil.
A Paraibuna, em Juiz de Fora, opera só com material sulfetado e 100% do volume é importado. A metalurgia, que pertenceu ao grupo Paranapanema , está apta a fazer 95 mil toneladas ao ano. A maior parte das exportações de zinco da VM sai dessa usina, informa Motta. A fábrica está mais bem posicionada: escoa o metal por meio da ferrovia da MRS.
Novas expansões o grupo tem planejadas, mas dependem de dois fatores – mais energia a custo competitivo e suprimento de minério. As reservas atuais de Vazante garantem 20 anos. Em energia, a VM é sócia das hidrelétricas de Igarapava, Capim Branco I e II e Campos Novos e dona integral de Sobragi e da concessão de Picada. Capim Branco e Campos estão em construção. Quando estiverem todas prontas, em 2007, vão garantir mais de 50% de auto-suficiência.
Em 2004, os três negócios da Votorantim Metais – zinco, níquel e aço – deverão atingir receita líquida de R$ 3 bilhões – cerca de R$ 1 bilhão a mais que em 2003. A aquisição da fábrica de níquel Mineração Serra da Fortaleza no fim de 2003, do grupo Rio Tinto, vai adicionar 6 mil toneladas, além de 2 mil da própria Cia. Níquel Tocantins este ano por conta de seu programa de expansão. Os investimentos totais da holding foram de R$ 517 milhões no ano passado. Para 2004, estão previstos R$ 654 milhões. No negócio zinco, nos dois anos, o total chega a R$ 528 milhões, dos quais R$ 135 milhões na geração de energia elétrica.
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