Vega do Sul muda mix para melhorar resultados

A Vega do Sul, indústria de aço laminados a frios e galvanizados, redefiniu sua estratégia de produção para amenizar os efeitos da queda de demanda do setor automotivo. A siderúrgica catarinense foi projetada para que 70% de sua produção de aço laminado e galvanizado fosse destinada à indústria de automóveis do Brasil e do Mercosul. Entretanto, a retração da demanda desse setor levou a Vega do Sul a ampliar a sua linha de produção de aço a frio e de galvanizados voltados para os segmentos de eletrodomésticos, construção civil e embalagens, que aumentaram o volume de encomendas.

Esses três setores já respondem pelo consumo de 50% da produção da siderúrgica. Porém, a queda de demanda da indústria automotiva não atrapalhou os projetos de crescimento da Vega do Sul. Tanto que a produção e o faturamento deste ano deverão ultrapassar as estimativas iniciais para 2004. “O desempenho de todas as nossas atividades está acima do que planejamos”, disse Patrick Bardet, presidente da Vega do Sul.

A produção da siderúrgica deverá atingir 350 mil toneladas de aços galvanizados e 150 mil toneladas de laminados a frio, até o final do ano. Com este desempenho, Patrick Bardet disse acreditar que será superada a estimativa de faturamento de US$ 250 milhões para 2004. A indústria foi construída para uma capacidade instalada de processamento de 880 mil toneladas de aços galvanizados.

O lucro das operações, da mesma forma, segundo Patrick Bardet, deve ficar acima do projetado, pelos resultados que vem sendo obtidos na relação inovadora com os clientes e prestadores de serviços. Bardet disse que a Vega do Sul oferece ao mercado produtos com elevado padrão tecnológico e de qualidade para construir um relacionamento de longo prazo com os compradores.

A adoção de um sistema de terceirização de suas operações das áreas administrativo-financeira, logística, de tratamentos de resíduos e até mesmo de seu laboratório de pesquisa, vem contribuindo para melhorar os resultados da siderúrgica. “Buscamos junto a estes parceiros as melhores experiências para que possamos nos concentrar em nosso negócio”, disse Bardet.

Cada prestador de serviços recebe recursos para cobrir os custos fixos das operações, além de uma remuneração pelos serviços prestados. É o caso da Sociedade Educacional Santa Catarina, responsável pela análise de todos os produtos da Vega. As áreas de contabilidade e financeira foram terceirizadas para uma empresa de Blumenau, assim como serviços de segurança e atendimento de saúde. Hoje o conjunto dos prestadores de serviço que atuam diretamente na siderúrgica é de cerca de 400 pessoas.

Assim, a Vega vem conseguindo direcionar mais esforços no treinamento e capacitação de seus 300 empregados diretos, voltados à atividade de processamento de aços finos e galvanizados. Cerca de 180 deles foram deslocados para a França, onde passaram 18 semanas em treinamento em modernas usinas.

A Vega do Sul beneficia aço bruto de sua controladora, a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), transportado em navios do Espírito Santo a São Francisco do Sul. O primeiro tratamento feito pela Vega é uma decapagem (limpeza na superfície das bobinas). Depois, a matéria-prima passa por um tratamento de laminação a frio ou a quente para dar origem a chapas de diversas espessuras de acordo com a especificações dos clientes. Na linha de galvanização é feito um revestimento da superfície com uma fina camada de zinco fundido para a proteção anti-corrosiva, especialmente para chapas que vão virar lataria de automóvel.

A implantação da unidade de laminação a frio e galvanização ocorreu dentro da estratégica do grupo europeu Arcelor de desenvolver no Brasil um segundo pólo de produção e de exportação de aço, especialmente para produtos de alto valor agregado. O investimento na usina foi de US$ 420 milhões, dos quais 50% foram desembolsados pela Arcelor e pela CST. O restante foi financiado por instituições internacionais e nacionais, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES). Na composição do capital da Vega, a Arcelor ficou com 75% das ações e a CST, com 25%. A Arcelor fez, em 1998 um investimento de US$ 1 bilhão na CST. Um ano depois realizou um aporte de US$ 400 milhões em um laminador de tiras a quente.

A Arcelor é o maior produtor mundial de aço, resultado da fusão das européias Usinor, Arbed e Aceralia, em 2002. Seu faturamento anual é de US$ 26,6 bilhões, com produção anual de 46 milhões de toneladas, mantendo um quadro de 110 mil funcionários. Possui também participação na Acesita, Belgo-Mineira e Perfilor.

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