Vale do Rio Doce terá centro de pesquisa energética no ITA
Empresa faz acordos para desenvolver projetos voltados para o abastecimento próprio de energia. A Companhia Vale do Rio Doce instalará no próximo mês um Centro de Desenvolvimento de Tecnologia em Energia, que ficará sediado no Parque Tecnológico de São José dos Campos, interior de São Paulo. O convênio de parceria reunirá ainda neste mesmo espaço o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e a Universidade de São Paulo (USP). A primeira etapa do acordo é voltada para o desenvolvimento de geração de energia elétrica a partir de turbinas movidas a gás.
O valor do investimento não foi informado e será divulgado no dia da assinatura do termo de parceria e inclusão da Companhia Vale do Rio Doce no parque tecnológico. A prefeitura de São José dos Campos tem investido na expansão do pólo aeroespacial situado no município. Entre as ações se encontram a aquisição da área e instalações da antiga fábrica da Solectron, as margens da Via Dutra – onde se encontra o parque -, e outros terrenos no entorno para instalação de futuras incubadoras de empresas e núcleos de pesquisa, num total de 980 mil de metros quadrados.
O diretor-geral do parque tecnológico e atual presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Marco Antonio Raupp, informou que a proposta de se trabalhar com tecnologias inovadoras e de novas concepções chamou a atenção da Vale do Rio Doce. “Apesar de a companhia trabalhar com extração mineral, ela tem um alto consumo energético e veio buscar aqui, na tecnologia aeroespacial, solução para esse novo desafio”, afirmou.
O parque tecnológico de São José dos Campos foi o primeiro a ser criado pelo governo de São Paulo e tem por objetivo atender a vocação tecnológica e industrial da região. Por ter como integrantes do núcleo a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), Petrobras, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ITA, CTA e as universidades federal e estadual de São Paulo, além da Fatec, o pólo tem atraído vários interessados de outros segmentos.
O CTA foi responsável nos anos 70 pelo desenvolvimento do projeto Motor Brasileiro, que utilizava combustíveis alternativos como o gás natural e o álcool, além de ter atualmente junto ao ITA um núcleo de estudos de novas fontes de energia, inclusive a bioenergia. Essa matriz será alvo também de pesquisas por parte do centro da Vale do Rio Doce. “Aqui promovemos a junção de novas concepções tecnológicas para a capacitação das empresas”, explicou Raupp.
Segundo estimativas, as operações da Vale do Rio Doce consomem aproximadamente 6% do volume total de energia elétrica gerada pelo Brasil. O ritmo acelerado de crescimento da empresa a fez buscar por soluções energéticas alternativas. “Esse é o primeiro passo para a instalação e consolidação de um grande centro de estudos em tecnologia de ponta voltado a suprir a crescente demanda de energia no Brasil”, destacou o diretor-geral do parque tecnológico. (Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 2)(Júlio Ottoboni)