Vale busca equilíbrio no portfólio de ativos

A atuação da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) em outras áreas está crescendo. Os dados do primeiro trimestre de 2005 revelam que, dos R$ 2,8 bilhões de geração de caixa da companhia, medidos pelo critério lajida, 68% foram obtidos na área de ferrosos e 29% nos negócios de alumínio, logística e não-ferrosos. Em 2002, como destacou o diretor de relações com investidores da companhia, Roberto Castello Branco, os ferrosos respondiam por 82% para o caixa da empresa.

“Estamos crescendo com maior diversificação”, afirmou Castello Branco. A meta da mineradora é chegar em 2010 com 55% de seu caixa gerado por empreendimentos em ferrosos e 45% em outras atividades, com destaque para cobre e níquel.

O diretor anunciou que no segundo semestre a empresa começa a trabalhar em dois novos projetos: níquel, na área de Vermelho (PA), e o de cobre, na jazida 118, perto do de Sossego. Na terça-feira, a companhia informou que foi aprovado o estudo de viabilidade do projeto de Vermelho, o primeiro na área de níquel. O investimento total previsto no empreendimento é da ordem de US$ 875 milhões com uma produção total de 45 mil toneladas ao ano. Os planos da Vale são de começar a produção já final de 2007.

A analista de mineração da Merrill Lynch, Andrea Weinberg, destaca em seu relatório sobre o resultado da Vale que em recente conferência da Metals, Mining & Steel, que reuniu os maiores produtores de níquel do mundo, foi mencionado que poderia haver deficiência de oferta do produto nos próximos três anos, o que pode sinalizar “preços fortes” do metal por um longo período de tempo. Este ciclo virtuoso vai coincidir com o início da produção em Vermelho.

O projeto de cobre de 118 prevê investimento total de US$ 218 milhões para a produção de 36 mil toneladas/ano de catodo de cobre. A produção do 118 está prevista para começar em 2007. Em 2009, a do campo de Cristalino e em 2010 as de Salobo II e Alemão.

No primeiro trimestre deste ano, a Vale investiu US$ 570,3 milhões, de um total programado para o ano de US$ 3,3 bilhões. No período de janeiro a março foram gastos, por área de negócios, US$ 200 milhões em minerais ferrosos, US$ 154 milhões em logística, US$ 127 milhões em alumínio, US$ 36 milhões em não- ferrosos, US$ 24 milhões em geração de energia elétrica e US$ 29 milhões em outros projetos.

De acordo com o relatório de produção da Vale, por categoria, US$ 402 milhões foram alocados em projetos de expansão de capacidade de minério de ferro, em Fábrica Nova, que deverá produzir este ano 10 milhões de toneladas, adicionando 50% de capacidade em 2006, quando atingirá 15 milhões de toneladas/ano.

Este ano, as minas de Brucutu, Itabira, Fábrica e Fazendão deverão acrescentar 46 milhões de toneladas de minério de ferro ao Sistema Sul. Em Carajás está prevista a produção de 85 milhões e 100 milhões de toneladas, em 2007. Castello Branco destacou que, até lá, a Vale vai adicionar mais 60 milhões de toneladas de minério de ferro por ano ao que existe hoje. As vendas do produto este ano estão previstas em 251 milhões de toneladas.

Castello Branco confirmou um cenário otimista para o mercado de minério de ferro este ano e no próximo. Ele disse que o mercado continua demandado e que os estoques nos portos chineses dão para apenas três semanas, quando o normal seria de um mês e meio. Contou ainda que os preços do minério no mercado spot estão 40% acima do preços acordados.

No primeiro trimestre as vendas da Vale do Rio Doce para a Ásia ultrapassaram as vendas para a Europa, com uma participação na receita de exportação de 26,8%, contra 26% da Europa. A maior parte dessas exportações foram para a China.

O volume de minério vendido pela Vale para o mercado chinês no primeiro trimestre correspondeu a 18% das vendas totais da companhia. Cerca de 9% foram para o Japão. No total, foram embarcadas no período 49,1 milhões de toneladas de minério de ferro e 9,7 milhões de toneladas de pelotas.