Uso da nanotecnologia no país pode crescer 200% até 2007
Até o final de 2007, o número de empresas que utilizam produtos ou processos nanotecnológicos no Brasil deverá crescer 200%. Atualmente, pouco mais de 15 empresas no Brasil incorporaram a nanotecnologia em seus processos, a maioria com atuação nas áreas petroquímica, química, cerâmicos, metálicos e poliméricos (plásticos e borrachas). O número de produtos obtidos, hoje estimados em pouco mais de 1.200, também deverá crescer acima de 100% nos próximos dois anos, segundo estimativas do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Um novo levantamento deve ser concluído ainda este ano. O MCT vai aproveitar o Congresso Internacional de Nanotecnologia, que será realizado, entre os dias 6 e 7 de julho, em São Paulo, para atualizar esses números.
Apesar do avanço, os resultados brasileiros ainda estão muito abaixo do obtido em países mais desenvolvidos e também deixam a desejar quando comparados com economias de porte semelhante como a de Taiwan.
Nos próximos 10 anos, o mercado mundial de produtos e processos ligados à nanotecnologia (manipulação de objetos na escala de milionésimos de milímetro) vai movimentar mais de US$ 1 trilhão. Os maiores investimentos estão concentrados nos Estados Unidos, Japão e União Européia. Países como Coréia do Sul e Taiwan também investem alto no setor. Nos próximos cinco anos, o governo de Taiwan, por exemplo, deve investir mais de US$ 600 milhões, muito acima do que está previsto pelo Brasil.
No País, o MCT, por meio da Coordenação Geral de Políticas e Programas de Nanotecnologia, prevê investimentos para 2005 e 2006 de R$ 80 milhões. O volume, apesar de inferior a necessidade do País está crescendo. Entre 2001 e 2003 foram aplicados em projetos e pesquisas nacionais R$ 32 milhões e outros R$ 24 milhões foram liberados no ano passado, por meio do ministério.
O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, Cylon Gonçalves, diz que essa soma vai aumentar e lembra que somente o fundo setorial destinado a incentivar a produção de pesquisa e novos produtos deve acrescentar outros R$ 12,5 milhões para essa s áreas. Apesar do aporte maior de recursos, a situação do Brasil no setor está longe de ser a ideal. “Em relação ao resto do mundo, o Brasil corre o risco de ficar atrasado”, diz.
O secretário explica que em Taiwan, por exemplo, há mais de 400 empresas ligadas à produção de nanoprodutos. Para evitar problemas, ao contrário do que ocorre no Brasil, o governo local decidiu criar um selo de qualidade para identificar os verdadeiros produtos que contém nanotecnologia. Boa parte dos investimentos do governo de Taiwan, explica Gonçalves, são para produtos relativamente simples como cerâmicas autolimpantes, couro artificial, tintas e revestimentos, mas também há projetos mais avançados. Um exemplo que precisa ser seguido pelo Brasil, diz ele. “No Brasil, ainda precisamos trabalhar mais no sentido de alertar o setor produtivo para os riscos e oportunidades que a nanotecnologia representa”, acrescenta.
Apesar da distância entre o Brasil e outros países que utilizam a nanotecnologia em larga escala, Cylon Gonçalves, destaca que existem vários avanços, como a própria criação do Programa Desenvolvimento da Nanociência e da Nanotecnologia, que foi incluído no Plano Plurianual 2004-2007. Com os investimentos que estão sendo realizado, o secretário diz que novos avanços irão ocorrer no país, especialmente nas áreas de polímeros, cerâmicos, catalisadores para a indústria química e a possibilidade de aplicações em cosméticos. Ele também destaca a abertura de oportunidades para o uso da nanotecnologia voltada para medicamentos e sensores. “Com os recursos, o MCT pretende apoiar 10 novas redes de pesquisa em nanotecnologia, incentivar a participação da indústria e apoiar a pesquisa básica conduzida por jovens pesquisadores, o que deve proporcionar oportunidades para a geração de novos produtos e processos em nanotecnologia”, acrescentou.
O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento, Cylon Gonçalves, destaca ainda que o MCT desenvolveu um plano estratégico de ações a serem realizadas até 2007. Segundo ele, em 2006, a área de nanotecnologia deverá receber R$ 23,5 milhões para ações prioritárias voltadas para a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE).
No mundo, a nanotecnologia é utilizada em várias frentes de produção e pesquisa. Entre as aplicações mais comuns está a produção de processadores com maior capacidade de armazenamento de dados, produção de materiais mais leves e resistentes do que metais e plásticos, que estão sendo utilizados desde a construção civil, automóveis até na aviação.
Nos próximos cinco anos, o governo de Taiwan deve investir no setor mais de US$ 600 milhões.