Usinas buscam novas opções de suprimento
As produtoras de aço em todo o mundo, principalmente as asiáticas (com destaque para Japão e China), iniciaram uma espécie de ‘corrida maluca’ na busca de fontes alternativas de suprimento de minério de ferro para reduzir sua extrema dependência das três grandes produtoras mundiais – Vale do Rio Doce, Rio Tinto e BHP Billiton, donas de mais de 70% do mercado transoceânico da matéria-prima, que prevê movimentar 600 milhões de toneladas este ano.
As usinas já estão desenhando uma estratégia de busca dessas opções de fornecimento de minério em várias partes do mundo, entre elas o Brasil, além de Índia, África do Sul e Rússia. Até pequenas jazidas na Argentina e Chile, antes de pouca importância, se tornaram atrativas.
As usinas japonesas já iniciaram um movimento de ‘rastreio’ a cata de produtores independentes de minério. Entre os alvos estão vários países da América do Sul. Segundo uma fonte, o objetivo é firmar parcerias de longo prazo, mesmo com pequenas mineradoras.
A ânsia é tanta que uma trading japonesa negociava a compra de uma mina subterrânea no sul da Argentina, na província de Rio Negro, quando os chineses passaram na frente e adquiriu. A trading teve de partir para outro alvo no Chile.
Nesse cenário, aparece com destaque a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), que poderá, a partir de 2006, quando pretende exportar 8 milhões de toneladas de minério, aparecer com um produtor alternativo do produto. Lauro Resende, diretor de investimento da CSN, garantiu que no final de 2007 a mina Casa de Pedra, de propriedade da siderúrgica, já estará pronta para exportar 31 milhões de toneladas de minério de ferro. ‘Já estamos recebendo visitas de potenciais compradores asiáticos e europeus, mas não temos ainda nenhum contrato fechado’.
Resende contou que as obras de expansão da mina, que no ano passado produziu 16 milhões de toneladas, já começaram. Desse volume, teve consumo cativo de 9 milhões para sua usina em Volta Redonda (RJ) e vendeu 7 milhões a siderúrgicas brasileiras já começaram. Também já tiveram início as obras de seu terminal no porto de Sepetiba (RJ), fundamentais para escoar o produto.
A CSN pretende produzir 40 milhões de toneladas de minério de ferro em Casa de Pedra. Vai transformar 6 milhões de toneladas em pelotas, em uma unidade que pretende pretende construir junto ao porto ou próximo da mina.
Até agora, a idéia é tocar o empreendimento, de US$ 782 milhões, sem sócios. Os recursos serão parte em empréstimo do BNDES e de outras agências internacionais de desenvolvimento, além de capital próprio.
‘A CSN está com um caixa excelente. Temos dinheiro, não precisamos de sócios’, afirmou Resende. Ele não acredita que o acordo que a siderúrgica tem com a Vale, garantindo à mineradora o direito de preferência sobre o minério de ferro excedente de Casa de Pedra, possa ser ‘impeditivo’ para seu projeto de entrar no negócio da mineração. ‘Não creio que a Vale vai querer comprar minério da CSN a preço de mercado, disputando com outros clientes’, ressaltou.
Na avaliação de analistas do setor, as siderúrgicas só acataram este nível de alta do minério porque ñao tinham estoques do produto, tanto no Japão quanto na China. Por outro lado, a produção de aço continua crescendo e em janeiro foi da ordem de 89,8 milhões de toneladas ante 82,7 milhões no mesmo período de 2004, puxada pela China que alcançou cerca de 25 milhões, segundo dados do IISI.
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