Usiminas ganha mais com tecnologia
Transferência de patentes garantiu à siderúrgica mineira R$ 18,5 milhões no ano passado. Mesmo sem um peso significativo no faturamento do ano passado – de R$ 12,2 bilhões – o Sistema Usiminas comemora a receita gerada por seu departamento de tecnologia e pesquisa, que somou R$ 18,5 milhões em 2004, somente com a venda de programas, treinamentos e projetos desenvolvidos pela siderúrgica mineira. O resultado foi 24% superior ao desempenho de 2003, de R$ 15 milhões, que vinha se mantendo estável nos últimos três anos.
“É uma área em franca expansão dentro do Sistema Usiminas, já que com os investimentos em pesquisas e desenvolvimento de produtos podemos ampliar nossos negócios. A cada dólar aplicado nessa área, seja na aquisição de tecnologia ou no desenvolvimento de sistemas, obtemos uma receita três vezes superior”, disse Evandro Lorentz, responsável pela gerência de Transferência de Tecnologia da empresa. No ano passado, a área recebeu investimentos de R$ 6,9 milhões.
Entre os principais segmentos de atuação da área de transferência tecnológica estão o desenvolvimento de patentes (novas ligas e aplicações de seus produtos siderúrgicos), de melhorias de processo de produção, transferência de tecnologia, além de fornecer treinamento, assistência e serviços técnicos. A transferência de tecnologia já é uma prática comum na Usiminas desde 1972, quando foi expedida a primeira carta-patente pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Desde então, 400 patentes já foram concedidas às empresas coligadas da siderúrgica. “Desde a fundação da usina, em 1962, mantemos parcerias de troca de tecnologia”, afirmou Lorentz. De acordo com o executivo, a principal parceira tecnológica da empresa é a japonesa Nippon Steel.
No ano passado, a Usiminas realizou dois grandes treinamentos na área de laminação a frio na usina de Ipatinga (MG). No maior deles, 22 engenheiros e técnicos da chinesa Baotou Iron & Steel Group receberam orientações de sistema de produção dos profissionais da empresa mineira. O treinamento durou dois meses. “A tecnologia é principalmente comercializada em forma de assessoria técnica e treinamentos”, disse Lorentz.
Registros internacionais
Nos últimos 30 anos, a Usiminas solicitou ao Inpi 652 patentes. Além dos 400 registros nacionais, o grupo possui outros 23 no exterior. Somente à Usiminas foram concedidas 298 registros. A principal controlada, da Cosipa, já obteve 85 e a Usiminas Mecânica, uma.
Lorentz afirmou ainda que o desenvolvimento de novos sistemas e processos proporciona um salto na eficácia operacional e da obtenção de condições de trabalho mais seguras para as empresas do sistema. Além disso, são gerados novos negócios, seja através do licenciamento de patentes para outras empresas ou por meio da assistência técnica prestada a terceiros para a transferência da tecnologia desenvolvida.
A Usiminas mantém um centro de pesquisas considerado o maior da América Latina no setor siderúrgico. No ano passado, a empresa destinou para estudos e desenvolvimento de novos produtos e processos R$ 12,7 milhões, recursos 10,7% superiores aos empenhados em 2003. O gerente do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da empresa, Evandro Avelar Tonelli, afirmou que desde 1971 a empresa detém estudos para criação de novos produtos.
“Hoje trabalhamos em novos tipos de aço para atender a indústria automotiva. São lâminas de alta resistência, mais leves que as atuais, que possibilitam reduzir o peso do veículo”, explicou ele. Segundo Tonelli, a Usiminas está testando melhorias no aço da série “Dualphase” (que tem tratamento a quente especial), que já existe no mercado brasileiro, e na linha “Complexphase” (que têm maior resistência). “Nesse tipo de produto a Usiminas é pioneira no Brasil”, ressaltou.
O Sistema Usiminas é o maior produtor de aços planos da América Latina e um dos 20 maiores do mundo. Em 2004 foram produzidas 8 milhões de toneladas, gerando um lucro recorde de R$ 3 bilhões, resultado 131% maior que o apurado em 2003.
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