Steinbruch assume controle do grupo Vicunha em junho
Em 15 de junho, será sacramentado o fim da sociedade entre as famílias Rabinovich e Steinbruch no comando do grupo Vicunha, que controla a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Vicunha Têxtil. Segundo o empresário Benjamin Steinbruch, nesta data o contrato deverá ser assinado e a titularidade das ações transferida dos Rabinovich para a sua família, que passará a ser a única controladora do grupo. Segundo fontes do mercado, os Rabinovich receberão cerca de R$ 1,3 bilhão no negócio.
O empresário explicou que o pagamento pelas ações será feito em cinco anos. As parcelas, segundo uma fonte familiarizada com a operação, serão anuais. Jacks Rabinovich, seus filhos e sobrinhos concordaram em financiar os sócios na operação. “Uma entrada já foi paga”, disse Steinbruch, que preferiu não revelar valores. A mesma fonte assegurou que a entrada foi apenas simbólica. A primeira parcela propriamente, estimada em R$ 300 milhões pelo mercado, será paga na assinatura do contrato.
A operação envolve a compra de 50% do controle da holding Vicunha Steel – que, por meio da Vicunha Siderurgia, é dona de 40,7% da CSN -, e a aquisição de metade da ações votantes da Vicunha Participações, que por sua vez controla 61,4% da Textília. Essa holding tem 82,3% da Vicunha Têxtil. O acordo assinado pelas duas famílias no fim de fevereiro previa como data para término da operação 30 de junho. Mas está tudo bastante adiantado e a principal pendência deverá ser resolvida em 14 de junho, permitindo o encerramento do negócio no dia seguinte.
No dia 14, disse Steinbruch, a Vicunha Siderurgia, controladora da CSN, quitará toda a sua dívida com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), liberando as ações da siderúrgica pertencentes às duas famílias, que estão penhoradas em garantia e, por enquanto, não podem ser transacionadas.
A dívida remanescente da Vicunha Siderurgia, na forma de debêntures, é de R$ 1,7 bilhão, segundo cálculos do Valor a partir de dados do site da corretora Planner, agente fiduciário dos títulos. A dívida era maior, mas, em abril, o BNDES exerceu a opção de converter a sexta série das debêntures em ações da CSN. O banco trocou cerca de R$ 400 milhões em dívida por 5,79% do capital da siderúrgica. Com isso, as duas famílias tiveram sua participação consolidada reduzida a 40,7%.
Para quitar os R$ 1,7 bilhão restantes, Steinbruch confirmou que serão usados os dividendos a ser distribuídos pela CSN, aprovados em assembléia há uma semana. No total, a empresa pagará R$ 2,3 bilhões a seus acionistas. Os controladores receberão cerca de R$ 1,1 bilhão. A diferença necessária para pagar o BNDES deverá vir de uma emissão de novas debêntures que, segundo fontes do mercado, deverá ser de cerca de US$ 300 milhões (R$ 750 milhões). Não está descartada a hipótese de o BNDES vir a adquirir parte da emissão.
Para uma fonte que acompanhou as negociações, o acordo saiu rápido e até barato para os Steinbruch. “Além do interesse dos Rabinovich em dar liquidez aos seus investimentos, foi utilizado o valor histórico dos papéis da CSN. Não seria justo utilizar o valor em bolsa, já que a siderurgia teve um ótimo desempenho no último ano.”