Rio Tinto pode buscar Vale para fugir da BHP Billiton
O mercado de mineração se agitou ontem ao tomar conhecimento da proposta de aquisição do grupo anglo-australiano Rio Tinto Rio Tinto feita pela BHP Billiton, maior mineradora do mundo. A oferta foi rejeitada, segundo informou a própria BHP, em comunicado. A intenção da líder global do setor é buscar nova aproximação da Rio Tinto. Se tiver sucesso, a BHP poderá realizar a maior aquisição da história da mineração.
A companhia anglo-australiana teve ontem a maior alta, de 21,75%, do índice FTSE-100 da Bolsa de Londres. Já a BHP Billiton, registrou queda de 5,69% em suas ações na bolsa londrina. Em Nova York, a Vale do Rio Doce teve uma alta de 3,13% nas ADRs ON, enquanto os de preferenciais subiram 3,36%, num dia de mercado derretendo.
Para Rodrigo Ferraz, da Corretora Brascan, este movimento da BHP Billiton gera um impacto indireto sobre brasileira Vale do Rio Doce. ” O mercado vai começar a prestar atenção nas grandes mineradoras por estarem buscando mais consolidação do que já têm. A BHP Billiton já é resultado da fusão da australiana BHP com a inglesa Billiton”, lembrou.
Com base neste raciocínio, um investidor em mineração avaliou que dificilmente a Rio Tinto conseguiria uma proposta de compra de outra empresa do setor. O que ele acredita que poderia acontecer, neste processo de consolidação como alternativa à oferta da BHP Billiton, seria a Rio Tinto buscar negociação de uma fusão com a Vale. A mineradora brasileira não quis comentar o assunto.
Pedro Galdi, analista de mineração do ABN Amro, não acha que a Vale seja atraída por uma o peração deste tipo. “Não faz o perfil dos seus controladores. A Vale faz aquisições estratégicas, como uma empresa de níquel, caso da canadense Inco, por exemplo, ou uma Alcan, canadense de alumínio vendida para a Rio Tinto. A Alcoa (outra companhia de alumínio) pode ser alvo da brasileira. Mas Roger Agnelli (presidente executivo da Vale) bate na questão de que alumínio é energia pura. Daí que a mineradora só compraria estes ativos lá fora, num país com energia barata”, destacou Galdi.
No seu cenário, não enxerga a Vale fazendo no curto e médio prazo nenhuma aquisição gigantesca, na faixa de US$ 100 bilhões, como é o caso da Rio Tinto. “Podemos até ter alguma surpresa entre meados e fim de 2008, vendo a Vale comprar algo maior. Se encontrar algo disponível, até mesmo agora, pode fazer algumas aquisições menores, na faixa próxima do valor da Inco, que custou US$ 18 bilhões”.
Na avaliação dos analistas, uma oferta do tipo que a BHP Billiton fez à Rio Tinto pode ser barrada pelos órgãos antitruste. Esta fusão, caso ocorra, iria concentrar ainda mais o mercado de minério de ferro, dominado por três companhias. Vale, Rio Tinto e BHP Billiton respondem por 80% da oferta do produto no mundo. BHP Billiton e Rio Tinto, juntas, produzem cerca de 264 milhões de toneladas de minério de ferro e se houvesse uma fusão, passariam, Vale e nova empresa, a dominar três quartos do mercado de minério.
Ferraz, da Brascan, acredita que o apetite da BHP Billiton pela Rio Tinto seja estimulado pelo minério de ferro. A Rio TInto é a segunda maior vendedora do produto, depois da Vale. O minério está em alta, com mercado cada vez mais apertado e em breve terá seu preço reajustado para 2008 numa faixa entre 25% a 50%, como projetam analistas.
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