Modelo de gestão atual da área urbana de São Paulo precisa de reformas

Diversos ajustes precisam ser realizados no modelo de gestão atual que rege os centros urbanos, ressaltaram os palestrantes e debatedores na palestra “A urbanização paulista: histórico e perspectivas”, no primeiro dia da XII Semana Fiesp/Ciesp de Meio Ambiente.

Para uma das debatedoras, Stela Goldenstein, assessora do gabinete da Secretaria de Economia e Planejamento e também assessora especial do Governo do Estado de São Paulo, é preciso planejar com uma análise fiel das necessidades de toda a região.

“É preciso firmar um modelo de gestão compatível com as necessidades de São Paulo, as três regiões metropolitanas e as muitas áreas que chamamos de aglomerações urbanas, ou seja, manchas urbanas que extrapolam os limites administrativos”, disse a assessora.

Segundo ela, os problemas urbanos mais significativos se dão de maneira geral e podem ser resumidos em questões de mobilidade, habitação, resíduos, tratamento de esgoto, saneamento, gestão de águas e política de valorização dos centros urbanos. Em relação à mobilidade, Goldenstein explicou que a tarefa não depende da ação isolada do poder público nem da iniciativa privada.

“É o dever de casa de todos. Exemplo disso é que, hoje, 56% das viagens de caminhões são feitas com as carrocerias vazias. E não há possibilidade de se exigir do poder público mais investimentos para se dar conta em uma falta de lógica da organização de transporte de cargas e passageiros”, pontuou.

Sobre o item valorização dos centros urbanos, a professora titular do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Marta Dora Grostein, argumentou que não basta apenas o planejamento das áreas centrais.

“A elas [áreas centrais] temos que associar à sua configuração físico-espacial um projeto urbano que liga com projeto arquitetônico, programas adequados às áreas.”

De acordo com a professora, é importante não deixar que antigas áreas industriais se transformem em condomínios residenciais fechados, criando ilhas isoladas no meio das cidades.

“O uso e a ocupação adequados do solo, com vistas na qualidade de vida da população, evita que tenhamos calçadas isoladas, sem atividades, em áreas, muitas vezes, enormes”, discursou.

Grande Avanço

Para o palestrante, o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), José Pedro de Oliveira Costa, o debate sobre a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento urbano consciente representa um importante avanço no diálogo com a indústria.

“Nos anos 70, falar com os industriais sobre os cuidados com meio ambiente era uma anátema. Hoje, no entanto, há uma convergência de propostas e ideias entre os setores público e privado”, comparou o professor.

Projeto Serra do Mar

O segundo debate do dia abordou a situação das cerca de 7.500 famílias que vivem no município de Cubatão, onde o problema de pressão sobre as áreas do Parque Estadual da Serra do Mar é mais grave.

O assessor especial do governador e secretário-executivo do Projeto Serra do Mar, o coronel da polícia militar Elizeu Éclair Teixeira Borges, falou da gestão e prevenção de riscos naturais e tecnológicos.

“Como atender à recuperação do parque? Temos que oferecer unidades habitacionais e retirar as pessoas da área de preservação do parque. E somente o Estado consegue isso”, explicou.

Segundo o coronel Borges, existem áreas onde o risco é altíssimo, especialmente por acidentes com deslizamento de terra.

“Outro ponto preocupante é a ocupação ao lado da Rodovia Anchieta, devido ao transporte de cargas perigosas e até mesmo a acidentes com veículos. O posicionamento das habitações não é seguro”, concluiu.

Semana do Meio Ambiente

A Semana Fiesp/Ciesp de Meio Ambiente 2010 tem como objetivo a inserção e relação das indústrias com o meio urbano. A proposta é discutir os reflexos dos problemas urbanos para o desenvolvimento de São Paulo, seus ativos e passivos ambientais, com destaque para a região metropolitana.

As discussões prosseguem até quarta-feira (9), na sede da Fiesp. (Veja programação).

Kacy Lin, Agência Indusnet Fiesp

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