Metamateriais poderão criar manto da invisibilidade

Embora a Cimitarra fosse uma nave essencialmente predadora – só carregasse combustível e armas – sua grande vantagem sobre a Enterprise era o sistema de camuflagem – um esquema por meio do qual as naves se tornam invisíveis. Até então, somente os Klingons haviam conseguido construir naves capazes de se tornar invisíveis.

Calma, você não errou de site. Mas o longa-metragem Nêmesis, da série Jornada nas Estrelas, é o melhor cartão de visitas para uma nova teoria, desenvolvida por cientistas das universidades de Duke e Imperial College, ambas na Inglaterra. A depender da nova teoria, a Federeção Unida dos Planetas não será pega de surpresa desta vez.

A equipe do Dr. David R.Smith desenvolveu as bases teóricas de um equipamento de invisibilidade. Quando desenvolvido, o equipamento de camuflagem poderá ter inúmeros usos. Em princípio, um aparelho assim poderá ser construído utilizando-se uma classe exótica de compósitos artificiais, conhecidos como metamateriais.

“A camuflagem funcionará como se você tivesse aberto um buraco no espaço,” diz o Dr. Smith. “Toda a luz ou qualquer outra onda eletromagnética será capturada ao redor da área e guiada pelo metamaterial, emergindo do outro lado como se tivesse passado através de um volume vazio do espaço.”

Ao contrário de um buraco negro, do qual nenhuma luz escapa, qualquer coisa feita com o metamaterial se tornará um “buraco branco”, algo através do qual qualquer radiação – aí incluída a luz visível – atravessará incólume, sem reflexão. As ondas eletromagnéticas fluirão ao redor do objeto camuflado da mesma forma que as águas de um rio fluem ao redor de uma rocha no meio de seu leito.

Isso permitirá o uso da camuflagem para melhorar as telecomunicações, eliminando o efeito de obstruções que impedem a passagem dos sinais. Mas o princípio também é aplicável como um escudo protetor, impedindo a passagem de vibrações, sons e até de ondas sísmicas.

Antes que isso se torne realidade, entretanto, o dispositivo terá que ser construído. O que os cientistas fizeram agora foi construir como que um projeto – uma teoria que afirma ser possível construí-lo. Os metamateriais, entretanto, já são uma realidade.

A teoria agora publicada fornece a função matemática precisa descrevendo um metamaterial com propriedades estruturais que lhe permitem interagir com a radiação eletromagnética na forma que se desejar. Essa função poderá agora guiar os cientistas experimentalistas na fabricação de um metamaterial com essas características precisas.

Quando isto poderá ser feito? “Não é nada que não possa ser feito nos próximos 50 ou 100 anos,” responde o Dr. Smith.