Média de preço do barril no ano pode ultrapassar US$ 100

Média de preço do barril no ano pode ultrapassar US$ 100 Existe um recorde prestes a ser quebrado e que vai, praticamente, passar despercebido no mundo. Pela primeira vez na história, o preço do petróleo poderá, em média, ulrapassar US$ 100 o barril por um ano inteiro. No Golfo Pérsico, o fenômeno é chamado de “petróleo de três dígitos”.

Com os avanços na área da saúde e as pessoas vivendo por mais tempo, dizem por aí que 60 anos são os novos 40, o que significa que estamos mais jovens no século 21. Isso se aplica ao mercado de petróleo, onde 100 dólares por barril é o novo US$ 80 – não muito barato, nem muito caro, mas o suficiente para os países produtores de petróleo e consumidores.

Essa foi a posição tomada pelo Secretário-Geral da Organização Mundial dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), Abdalla Salem El-Badri, durante uma entrevista no Congresso Mundial do Petróleo, em Doha, Qatar.

“(US$ 100) todo mundo está confortável com isso, os produtores estão à vontade com esse preço e também os consumidores se sentem confortáveis com isso”, disse El-Badri. Então, ele acrescentou um pouco de tempero à entrevista, sugerindo que as nações importadoras estão também satisfeitas com o preço mais elevado.

“Alguns dos governos dos países consumidores aceitam e gostam deste preço porque eles estão gerando renda. Eles ficam com mais renda do que os países membros (da OPEP)”.

O assunto é polêmico. Quando o petróleo bateu o limite máximo acima de US $ 125 o barril em 2010, no auge da revolta da Líbia quando a produção do país diminuiu consideravelmente, a Agência Internacional de Energia, antagonista da OPEP, decidiu liberar cerca de 60 milhões de barris de suas reservas estratégicas para acalmar o mercado.

Opep e AIE estavam acusando uma à outra sobre a intervenção no mercado. Alguns diziam que a OPEP não estava fazendo o suficiente para impedir uma alta dos preços e a AIE foi acusada de manipulação de preços, o mesmo motivo que a própria entidade critica na suposta formação de cartel pelos países produtores.

As duas organizações agora vão tentar ao máximo superar suas diferenças sobre a demanda e o nível de investimento necessário para atender o crescente nível de consumo de petróleo e gás, especialmente da China e dos outros países em desenvolvimento da Ásia.

Média de preço do barril no ano pode ultrapassar US$ 100De acordo com a AIE, a demanda vai crescer em 47 milhões de barris por dia entre agora e 2035, cerca de 1,5 vezes mais do que a OPEP produz hoje. Isso vai exigir 20 trilhões de dólares em investimentos em petróleo e gás.

Mas parece haver um reconhecimento silencioso em Doha que os preços só subirão no curto e médio prazo, ajudando a financiar esse nível de investimento recorde.

Quando questionado pela imprensa, El-Badri disse: “Quando tivermos uma recuperação na Europa, imagino que o preço não caia, mas em 2012, é mais provável”. Ele simplesmente respondeu: “Se houver crescimento, haverá maior demanda”.

Que é talvez o detalhe mais alarmante do cenário de 2012 e do futuro para as nações importadoras.

Temos assistido a um crescimento insignificante nos EUA e na Europa, mas os preços permaneceram bem acima da marca do século o ano todo.

Prevendo uma recuperação rápida no Ocidente, com eventuais sanções ao Irã pela União Europeia e analistas do mercado de energia e petróleo sugerem que poderíamos estar a caminho de preços ainda mais altos no futuro.

É por isso que El-Badri, não hesitou em dar sua opinião no debate sobre o bloqueio das exportações do Irã para a Europa.

“Se você perguntar qual é meu conselho, e ninguém pediu meu conselho, diria que acho que não é sábio cortar esse fornecimento para a Europa porque eles (as 27 nações) estão enfrentando muitas dificuldades”.

O Secretário-Geral e os países-membros sabem que, se os preços subirem ainda mais devido a um choque geopolítico ou econômico, a demanda pode cair como aconteceu durante a crise bancária de 2008, quando o petróleo passou de 147 dólares para menos de 40 dólares em um período de seis meses.