MBR quer verticalizar produção e terá usina de pelotas de ferro

A Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), quinta maior mineradora de minério de ferro do mundo e controlada da Caemi, está iniciando estudos de viabilidade para construir uma unidade de pelotização, em local a ser definido entre Minas Gerais e Rio de Janeiro.

“O plano foi aprovado no conselho e será um marco para a MBR. Será uma verticalização, um estágio adiante na produção”, declarou Tito Martins, diretor presidente da Caemi, empresa controlada da Companhia Vale do Rio Doce. O investimento será de US$ 250 milhões a US$ 300 milhões.

Para Martins, o momento atual é propício a esta expansão, pois a demanda mundial por minério de ferro e pelotas continua a crescer. Ele acredita que a procura continuará pelos próximos dois a três anos. “Hoje, todas as grandes produtoras de minério de ferro no mundo estão correndo atrás de projetos de aumento de produção. Tudo que se produz de boa qualidade, tem comprador”.

Apesar do plano da pelotizadora estar no seu início, o executivo faz questão de dizer que a MBR quer marcar posição junto ao mercado de pelotas, hoje muito concentrado. No Brasil, a produção está concentrada na Vale, com 43 milhões de toneladas anos, mas há projetos em curso. A Samarco já anunciou que vai construir uma pelotizadora e a CSN também. A Vale tem uma nova planta em Fábrica Nova.

O que está em estudo na MBR é uma planta de 6 milhões de toneladas de pelotas. Os recursos serão próprios e de terceiros. “Poderemos usar linhas comerciais (trade finance) ou empréstimo de agências colaterais de desenvolvimento, como o japonês JBIC, a KFW alemã e a IFC, braço financeiro do Banco Mundial que empresta para o setor privado”, adiantou Martins.

Hugo Stoffel, diretor presidente da MBR, considera o projeto da pelotizadora vantajoso para a empresa. “Apesar do custo de produção de pelotas ser mais elevado que a simples exploração do minério de ferro, a iniciativa de diversificação será vantajosa pois a diferença de preço é maior que a diferença de custo e agrega valor ao produto. A vantagem é a margem, o que melhora nosso resultado”.

Uma tonelada de minério de ferro está sendo vendida, em média, por US$ 22 a US$ 23 a tonelada/FOB, enquanto a de pelotas está cotada a US$ 40 a tonelada/FOB.

O cronograma de implantação do projeto prevê que o estudo de viabilidade fique pronto até o final do ano. “Se for bom (o estudo), vamos partir para o detalhamento da engenharia que deve durar quase todo ano de 2005. A construção começaria, pois, em 2006, e só no final de 2007 a fábrica entraria em operação”, detalhou Stoffel.

O estudo deverá definir o local de instalação da usina, que poderá ser próxima a Sepetiba, no Rio, nas vizinhanças do porto de Guaíba, da MBR, ou perto das novas minas, em Minas Gerais.

Stoffel disse que se o mercado e a demanda de pelotas continuar a crescer como espera a MBR, poderá abrir espaço para no futuro ser construída uma segunda unidade.

Ele disse que a MBR acabou de fechar seu plano de desenvolvimento de novas minas. Depois de Águas Claras e Mutuca terem esgotado suas reservas, foram abertas as minas de Tamanduá, Pico, Jangada e Capão Xavier, em Minas Gerais, que juntas produzirão cerca de 43 milhões de toneladas de minério de ferro. Em 2006, conforme o plano de longo prazo da MBR para 20 anos e em estágio de atualização, a mineradora estará produzindo cerca de 45 milhões de toneladas/ano de minério de ferro. Este total será dividido em 39 milhões de toneladas de minério de ferro, a maioria para exportação e os restantes 6 milhões, para pelotas.

Segundo Stoffel, a pelotizadora não vai impactar tanto o operação da MBR, que continuará a ser uma grande exportadora. A empresa não terá dificuldades em comercializar a produção de pelotas, pois o produto será oferecido aos seus clientes.

A China é a maior cliente da MBR e este ano comprará 11 milhões de toneladas de minério, vindo em segundo lugar o Japão, com 5,5 milhões de toneladas. Os japoneses, além de clientes, são sócios da mineradora, com 10% do capital. Os restantes 90% são divididos entre a Caemi (85%) e a Vale (5%).

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