Indústria paulista cria 114 mil empregos em 2010

Apesar das perdas sazonais de novembro e dezembro, setor de transformação encerrou o ano com melhor desempenho desde 2006

A indústria paulista de transformação terminou o ano de 2010 com 114 mil vagas a mais (4,74%) em relação ao ano anterior. O número ficou dentro do esperado pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp/Ciesp, que divulgou nesta quinta-feira (13) os dados consolidados.

O desempenho de 2010 superou o número de empregos criados pela indústria em 2007 (4,56%), até então o melhor ano da série histórica da pesquisa, desde 2006.

Em dezembro, a indústria eliminou 60.500 postos de trabalho (-2,34%) no estado de São Paulo, menos do que é esperado para o período – por esse motivo, a variação com ajuste sazonal subiu 0,94% no mês. Parte das demissões (mais de 24 mil) ocorreu em função da entressafra no setor de açúcar e álcool, e o restante nos demais setores da indústria.

“A perda ocorrida em dezembro foi menor do que imaginávamos. Talvez isso esteja relacionado com o bom desempenho da produção no fim do ano, que pode ter motivado a rápida reposição de estoques”, projetou Paulo Francini, diretor de Economia da Fiesp/Ciesp.

As entidades divulgam o resultado anual do Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista no dia 27 de janeiro. Segundo Francini, o crescimento deverá superar a marca de 10% sobre 2009.

Previsões

Com a base de comparação mais forte pelo bom desempenho do ano passado, 2011 terá um desafio pela frente. A previsão para o emprego em São Paulo é de alta de 3,4% (cerca de 85 mil postos de trabalho), compatível com um crescimento entre 4,5% a 5% para o INA.

O número de vagas, no entanto, só deverá retornar aos níveis anteriores à crise econômica de 2008 no começo de 2012, o que anteriormente era previsto para o primeiro trimestre deste ano.

Segundo Francini, o adiamento se deve a dois fatores. Um deles é que a indústria, em tempos de crise, acaba se adaptando a “fazer mais com menos” e ganha em produtividade, ou seja, pode retomar bons níveis de produção com menos trabalhadores. O outro é a forte presença dos importados no mercado brasileiro em razão do real sobrevalorizado.

“A questão das importações ainda está em curso e será determinante para a performance da indústria no ano. Se a trajetória for a de uma moeda mais competitiva, teremos um melhor desempenho da produção doméstica”, resumiu Francini.

A Fiesp e o Ciesp esperam alta de 4,6% para o PIB em 2011 – 4,7% para a indústria de transformação e 6,6% no caso da construção civil.

Setores e regiões

No último mês do ano, 17 setores analisados pela pesquisa tiveram comportamento negativo na geração de emprego. Produtos alimentícios concentrou as baixas do mês, com fechamento de 11,3% das vagas de trabalho, principalmente pelo açúcar. Na sequência, vieram couro, artigos de viagem e calçados (-5,4%) e fabricação de coque, petróleo e biocombustíveis (-3,8%).

Apenas dois segmentos tiveram desempenho positivo em dezembro. Foram eles: máquinas e equipamentos (0,4%) e produtos de minerais não metálicos (0,1%).

Já na classificação anual, a maioria das atividades fechou o período com variação positiva. No topo da lista, equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (11,5%), metalurgia (10,2%) e móveis (9,3%). Apenas produtos alimentícios (-0,9%) e couro, artigos de viagem e calçados (-1,2%) encerraram 2010 no vermelho com relação ao emprego.

Quanto ao comportamento das Diretorias Regionais do Ciesp, também a maioria (31) computou baixa no quadro de funcionários em dezembro, entre elas, Jaú (-12,58%), Sertãozinho (-10,70%) e Araçatuba (-8,52%). Quatro ficaram estáveis e apenas uma, Limeira, registrou aumento de 0,27% nas vagas.

No ano, das 36 regiões que compõem a pesquisa, 27 fecharam em alta. Destaque para Piracicaba (13%), Franca (10,6%) e Taubaté (9,4%). Nas últimas posições do ranking, aparecem Presidente Prudente (-3,2%), Santos (-3,1%) e Matão (-2%).