Indústria eletroeletrônica não consegue competir com produtos importados
SÃO PAULO – A sobrevalorização da moeda brasileira tem prejudicado a indústria de eletroeletrônicos, já que o setor não consegue competir com os produtos importados. É o que afirma o presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), Humberto Barbato, segundo a Agência Brasil.
“São indústrias extremamente eficientes, mas que, em função dessa moeda [real] fora da realidade, estão perdendo oportunidades de negócios todos os dias. Essas empresas já tiveram que mudar os seus fornecedores para tentar baratear os produtos”, explica.
Medidas cambiais
Para a entidade, uma maneira de evitar este processo seria a adoção de novas medidas na área cambial e política industrial. Barbato declara que estas medidas seriam temporárias até que o setor conseguisse reverter este quadro.
A Abinee afirma que as medidas anunciadas pelo governo são pequenas e tardias quando comparadas com o tamanho do problema. “Estamos colocando um fecho na porta depois que essa porta já foi arrombada há muito tempo. Estamos discutindo o problema da valorização do real desde o início do governo Lula”, diz Barbato.
Inovação tecnológica
Já o diretor geral da Protec (Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica), Roberto Nicolsky, acrescenta que, além da valorização cambial, a falta de investimentos das indústrias em inovação tem agravado o problema do setor.
Ele propõe que o governo divida o risco da inovação repassando o custo para as empresas que investirem em pesquisa e desenvolvimento como uma compensação pela valorização cambial. “Isso porque o Brasil está com um déficit tecnológico crescente. Tudo que depende de tecnologia está em déficit e isso está aumentando. A soma de todo esse déficit este ano ultrapassará US$ 70 bilhões”, finaliza.