Indústria do pré-sal dita regras na robótica nacional
Durante a mesa de trabalhos que debateu a inovação tecnológica na indústria de robôs no Brasil, ficou claro que a área mais cobiçada pelas empresas de tecnologia é a de petróleo e gás. No evento no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, projetou que em cinco anos deverá receber 10 vezes mais para investir em pesquisa na área.
Para o superintendente da área de Subvenção e Cooperação da Finep, Hudson Mendonça, o momento atual é de se olhar para o pré-sal e visualizar nele uma oportunidade para todos. “Nós somos um exemplo disso. A verba total de pesquisa da Finep até 2010 foi de R$ 4 bilhões, nossa meta é chegar em cinco anos a R$ 40 bilhões”, afirma.
Para Mendonça, é necessário um orçamento mais condizente com os desafios que o Brasil precisa enfrentar na área da renovação tecnológica, e enfatiza que, para se investir em robótica, precisa-se pensar no longo prazo. “O pré-sal, por exemplo, é uma perspectiva real. Para ser concreta deve se levar em conta o altíssimo grau de informação no processo de exploração deste petróleo, suas condições adversas, planejar investimentos a longo prazo”, diz.
“Diferentemente do que muitos pensam, não estamos engatinhado (na indústria de robótica nacional), já estamos na infância e dando passos importantes. Os japoneses estão muito desenvolvidos na indústria de robótica, são líderes mundiais, foram impulsionados pela indústria automobilística. Hoje, a nossa alavanca é o pré-sal”, afirmou.
Um dos pontos positivos de se investir em robótica é o retorno intelectual, segundo o superintendente da Finep. “O investimento em tecnologia robótica gera uma empregabilidade altíssima, mão de obra qualificada é absorvida devido ao alto valor agregado que tem o produto final”, afirma ele, que discorda do investimento atualmente focado sobre pesquisa com robôs humanoides. “Robôs humanoides tem um forte apelo midiático, entretanto estamos e outro momento, devemos investir capital na área da industria é mais necessário.”
O engenheiro Eduardo Ristow também critica os robôs humanoides. “Este formato não é o mais adequado para muitas de nossas necessidades industriais, nunca teremos robôs humanos. Acredito que já fazemos nossas funções muito bem, sem a necessidade de um humanoide para realizá-las. Devemos projetar os robôs em formatos que não os nossos”, diz o engenheiro.
O presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, acredita e vê a robótica como algo fundamental para o Brasil. Para ele, o País não deve ficar para trás em tecnologia. “Este encontro que fazemos para discutir robótica é o primeiro de muitos. Isto é importante para a troca de experiências entre nós engenheiros. A tecnologia é importante para o país que a domina, a robótica agrega o conhecimento de três engenharias, eletrônica, mecânica e da computação”, diz. “A robótica está presente desde o aumento da eficiência do chão de fábrica até a exploração do pré-sal”, afirma.
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