Indústria de SP iguala ritmo de produção anterior à crise
Índice de maio (+0,8%) agregou mais um resultado positivo à trajetória de recuperação iniciada há 16 meses. Com a boa fase garantida, Fiesp revisa projeção do PIB para 7,5%
A atividade industrial paulista cumpriu a expectativa da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), que previam a retomada do nível pré-crise até o final do primeiro semestre do ano.
Levando em conta o resultado de maio, divulgado nesta quarta-feira (30) pelas entidades, o desempenho já está 0,7 ponto percentual acima do registrado em setembro de 2008, último mês forte antes da crise financeira.
O índice de maio somou 0,8%, com ajuste sazonal, à série positiva do Indicador de Nível de Atividade (INA). Sem ajuste, o crescimento em relação a abril atingiu 5,2%.
“A boa trajetória já ocorre desde janeiro de 2009. Perseguimos uma rota de recuperação após a ‘trombada’ que sofremos com a crise”, avaliou Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp/Ciesp.
Dez dos 17 setores avaliados mensalmente pelo INA já superaram o desempenho pré-crise. São eles: alimentos e bebidas; celulose e papel; produtos químicos, petroquímicos e farmacêuticos; borracha e plástico; minerais não metálicos; produtos metálicos; máquinas e materiais elétricos; veículos automotores; outros equipamentos de transporte; e móveis e indústrias diversas.
Desempenho mensal
Em maio, 70% dos segmentos que compõem o levantamento tiveram resultado positivo, o que indica, segundo Francini, que a boa fase está disseminada por toda a indústria.
Destaque para alimentos e bebidas, com alta de 1,7%, desconsiderados os efeitos sazonais; minerais não metálicos (+0,5%), que vai no embalo do bom momento da construção civil; e veículos automotores (+1,1%), contando com o aquecimento do mercado interno e a recuperação das vendas externas, cujo valor exportado já supera em 35% o registrado no mesmo período de 2009.
A recomposição de estoques, após o impulso promovido pela redução de tributos em algumas cadeias produtivas, também acarretou um maior volume nas vendas reais em maio (+2,3%). Efeito que também se fez notar no Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), que recuou 0,3%, com ajuste, e voltou à normalidade (81,9%) após o pico de vendas e produção.
De janeiro a maio, o crescimento do INA chega a inéditos 15,5%, mas o resultado não traz surpresas. “É importante considerar a fraca base de comparação no período de crise. Só nos cinco primeiros meses de 2009, tivemos uma queda de 14%”, lembrou Paulo Francini.
Revisão do PIB
A Fiesp revisou sua projeção de crescimento do PIB para 7,5% em 2010. Segundo o diretor do Depecon, só o resultado do primeiro trimestre do ano (+2,7%) já daria, pelo efeito “carry over”, uma alta de 6% se os próximos trimestres ficassem no zero.
“No início do ano, nossa projeção de 6% era até considerada ‘ousada’, quando outros órgãos e entidades falavam em 5% ou 5,5%. Com o passar do tempo ela ficou correta e, agora, já é tímida. Se crescermos 1% nos próximos trimestres, já teremos 7,5%”, calculou Francini. A última vez que o Brasil cresceu 7,5% foi em 1986.
A Fiesp também espera um PIB industrial de 11,6% (11,3% para a indústria de transformação e 12,6% para a construção civil), taxa de crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo em 21,2%, o que equivale a aproximadamente 19% do PIB, e um saldo comercial de US$ 11,9 bilhões (queda de 53%).
Sensor
O Sensor, que revela as expectativas dos empresários para o período analisado, recuou em junho. Neste mês o indicador ficou em 55,1 pontos, inferior ao observado em maio, quando apresentou 57,6. Apesar da queda, seu desempenho permanece acima dos 50 pontos, fato que sinaliza a continuidade do processo de crescimento da produção industrial.
“É exatamente o que prevíamos: a redução da aceleração do crescimento da atividade econômica, até mesmo pela intenção [do governo] de que isso ocorra. Mas o importante é que continuaremos a crescer, e o Sensor nos mostra isso”, considerou Francini.
Mercado (56,8), vendas (52,1) e estoque (48,2) caíram nesta apuração, e o item emprego continua forte, com 58,3 pontos. A perspectiva para os investimentos cresceu – 59,9, contra 52,8 em maio.
“Os investimentos alcançaram o maior número da série, e prosseguem em ritmo forte. Com isso, o Sensor não nos indica nenhum obstáculo à frente, porque o investimento está no pé do processo industrial e é importante para responder ao aumento de demanda”, argumentou o diretor de economia da Fiesp/Ciesp.
Mariana Ribeiro, Agência Indusnet Fiesp
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