Indústria começa 2012 com previsões pessimistas
Indústria começa 2012 com previsões pessimistasO acirramento da concorrência com os produtos importados e a crise externa minam o otimismo da indústria brasileira. A expectativa dos empresários em relação à demanda para os próximos seis meses alcançou 52,4 pontos neste mês. É o índice mais baixo desde 2009, informa a Sondagem Industrial divulgada hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Conforme a pesquisa, os índices de expectativas de compras de matérias-primas, número de empregados e exportação em dezembro também continuam abaixo de 50 pontos.
Isso mostra que as previsões para os próximos seis meses são pessimistas. Os indicadores da Sondagem Industrial variam de zero a cem. Valores acima de 50 indicam otimismo e abaixo de 50, pessimismo.
“As expectativas dos empresários indicam que a indústria deve começar o próximo ano devagar”, afirma o economista da CNI, Marcelo Souza de Azevedo. Ele observa que, apesar da redução registrada em novembro, os estoques continuam elevados, porque grande parte da demanda está sendo atendida por produtos estrangeiros.
Segundo a Sondagem Industrial, o indicador de estoque acima do planejado caiu para 52,8 pontos em novembro ante os 53,4 pontos de outubro. Depois de dois meses consecutivos de queda, a produção industrial ficou estável e alcançou 50,1 pontos em novembro. Os índices variam de zero a cem. Acima de 50 indicam evolução positiva.
O indicador de utilização da capacidade instalada em relação ao usual subiu de 43,9 pontos em outubro para 45,2 pontos em novembro. Mesmo assim, permanece abaixo dos 50 pontos, o que confirma o desaquecimento da atividade industrial. Outro indicador que continua abaixo dos 50 pontos é o de evolução do número de empregados, que ficou em 48,4 pontos em novembro.
A Sondagem Industrial de novembro foi feita entre 1º e 14 de dezembro com 1.717 empresas. Dessas, 932 são de pequeno porte, 538 são médias e 247 são grandes.
Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI)
O otimismo do empresário caiu 0,5 ponto em dezembro frente a novembro e registrou 54,8 pontos neste mês. A retração do indicador foi puxada pelas grandes empresas, cuja confiança caiu 1,5 ponto no período. O ICEI varia de zero a cem. Valores acima de 50 mostram confiança.
Segundo Ávila, o ICEI está praticamente estável há três meses, oscilando em torno dos 55 pontos. Contudo, o economista lembra que houve significativa retração das expectativas nas grandes empresas. “Há uma constante piora no cenário externo e, como as grandes empresas são mais dependentes das exportações, elas sentem mais os efeitos”, avalia Marcelo de Ávila.
Os empresários estão ainda mais pessimistas em relação às condições atuais da economia brasileira e da empresa. O indicador caiu de 47,5 pontos em novembro para 47,3 pontos em dezembro. Esse índice está abaixo da linha dos 50 pontos desde maio.
Com o pessimismo sobre a situação atual, diminuiu o otimismo em relação ao futuro da economia do país e da empresa. O indicador de expectativas foi de 59,1 pontos no mês passado para 58,6 pontos em dezembro. Foi puxado, segundo a pesquisa, pela queda de 2 pontos nas expectativas da indústria extrativa.
Construção
Indústria começa 2012 com previsões pessimistas, diz CNIApesar da queda na atividade da construção civil, que registrou 49,3 pontos em novembro, o otimismo do empresário do setor está mais elevado em dezembro do que no mês passado. As expectativas para os próximos seis meses em relação ao nível de atividade alcançaram 58,3 pontos neste mês ante 56,1 pontos em novembro.
As informações são da Sondagem Indústria da Construção, também divulgada pela CNI. Os indicadores variam de zero a cem pontos e valores acima de 50 pontos indicam aumento da atividade, atividade acima do usual e expectativa positiva.
De acordo com o economista da CNI, Danilo Garcia, apesar da queda na atividade do setor, o otimismo cresceu, sobretudo entre os empresários do segmento de infraestrutura. “Os empresários estão com expectativas de que vários projetos de obras governamentais serão retomados no próximo ano”, destaca Garcia.
A atividade da construção também ficou abaixo do usual. O índice registrou 49,5 pontos em novembro. Também houve retração do emprego no setor, cujo indicador ficou em 49,2 pontos no mês passado.
O cenário adverso, no entanto, não afetou o otimismo dos empresários também em relação ao futuro de novos empreendimentos e serviços para o setor, compras de insumos e matérias-primas e número de empregados. Esses índices estão maiores em dezembro do que no mês passado.
As expectativas sobre novos empreendimentos e serviços aumentaram de 57,2 pontos em novembro para 59 pontos neste mês. O indicador de compras de insumos e matérias-primas passou de 55,5 pontos para 57,8 pontos no período. O indicador de número de empregados passou de 56 pontos para 57,5 pontos, sinalizando que o setor espera contratar mais trabalhadores nos próximos meses.