Fundição Tupy quer instalar unidade de ferro-gusa no ES
A Fundição Tupy deve instalar uma unidade para produção de ferro-gusa no Espírito Santo. A empresa não comenta o assunto, mas de acordo com o governo do Estado, a Tupy tenta, via um programa de incentivos fiscais, instalar-se no município de Cachoeiro do Itapemirim.
De acordo com Eliene dos Santos Lima, técnica do grupo de análise do Banco de Desenvolvimento do Estado (Bandes) e da Secretaria da Fazenda do Espírito Santo, a Tupy apresentou projeto, que será analisado até o fim desta semana, para fabricação de ferro-gusa, granalha de aço e perfis de ferro fundido. A intenção da empresa é investir R$ 74,5 milhões e gerar 286 empregos diretos.
O presidente da Tupy, Luiz Tarquínio, diz apenas que a companhia está analisando formas de diminuir seus custos com matéria-prima. Dentro deste contexto, ele indica que a empresa está analisando as hipóteses possíveis. Hoje, a fundição compra matéria-prima no mercado e esta seria a primeira vez que passaria a produzi-la para consumo próprio.
Os acionistas da Tupy – a empresa é controlada desde 1995 por um pool de fundos de pensão e bancos, entre eles Previ, Telos e BNDESpar – foram apresentados ao projeto de expansão no fim da última semana.
Tarquínio afirma que é difícil mensurar o impacto que a alta de preços de matérias-primas está tendo no balanço da empresa até o terceiro trimestre deste ano, mas destaca que a margem de rentabilidade ficou prejudicada com o atual cenário. De janeiro a setembro de 2003 a empresa teve um lucro operacional menor do que no mesmo período deste ano, mas a margem estava maior do que a atual. No ano passado foi de 14%, enquanto nos nove primeiros meses de 2004 caiu para 12%. Segundo ele, a situação de demanda maior para os produtos tem levado a Tupy a gerar caixa com um sacrifício maior.
‘Ainda bem que essa situação gera um lado positivo. Se de alguma forma eleva os preços, a demanda mais aquecida por matéria-prima significa aumento de procura pelos produtos que a Tupy fabrica’, afirma. Tarquínio destaca que não está conseguindo repassar totalmente o aumento de preços das matérias-primas para seu produto final.
O aumento médio de preços de matérias-primas derivadas de ferro foi de 40% neste ano, de acordo com analistas do setor. E para 2005, não se espera um movimento de queda significativo, já que Estados Unidos e China não devem diminuir o ritmo de forma acentuada. No mercado nacional, a Usiminas já tem aumento de 16% programado para janeiro no segmento de chapas de maior espessura.
Segundo a Tupy, a fábrica não implicaria em fechamento da unidade em Joinville (SC), tratando-se de uma expansão.
A decisão sobre o pedido da Tupy sai na sexta-feira, quando uma comissão composta por executivos do Bandes e de secretarias do Estado vai analisar a geração de emprego e renda do empreendimento. A empresa informou na documentação a intenção de iniciar a produção já no primeiro semestre de 2005.
Para um analista da corretora Socopa, em São Paulo, o movimento de produção de matéria-prima própria como a Tupy pretende fazer não deve ocorrer em outras empresas. Ele afirma que a exploração de minérios é custosa e este mercado é feito de grandes empresas, o que inviabilizaria a entrada de companhias de porte menor. ‘O gasto é alto e o processo é demorado porque é preciso licença ambiental e apoio de governos para políticas de incentivos. Mais fácil seria conseguir repassar este aumento de preços’, diz o analista.
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