Fiesp avança no debate sobre integração produtiva Brasil-Uruguai
Os governos e o setor privado de Brasil e Uruguai deram um importante passo para avançar na agenda de integração produtiva dos dois países. A complementação industrial em setores potenciais e o fortalecimento político e comercial do Mercosul como bloco econômico foram as principais discussões do fórum realizado na Fiesp nesta segunda-feira (14), em São Paulo.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, anunciou que a presidenta Dilma Rousseff cumprirá agenda política no Uruguai no dia 16 de maio. O fórum realizado na Fiesp servirá de base para a pauta do encontro. Para o chanceler brasileiro, este é o pontapé inicial das relações entre os vizinhos sul-americanos.
“A presidenta Dilma procurará recolher muitas das propostas debatidas aqui. Os principais desafios estão nas áreas de infraestrutura, energia e industrial. O Uruguai não aspira à indústria automotiva, por exemplo, mas pode ser um importante fornecedor de partes e peças”, afirmou o chanceler Patriota.
O seminário “Brasil-Uruguai – Oportunidades de Integração Produtiva e de Comércio Bilateral” segue na parte da tarde, com 175 reuniões de negócios programadas entre empresários de ambos os países.
Oportunidades
O presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, classificou o encontro como um divisor de águas nas relações empresariais entre Brasil e Uruguai. “Com a corrente de comércio equilibrada e investimentos recíprocos, temos uma agenda rica. Inclusive para fortalecer nossas produções para terceiros mercados”, frisou.
O encontro contou com a presença dos ministros de Relações Exteriores, de Economia e Finanças e de Indústria, Energia e Minas do Uruguai, e do presidente da República, José Mujica. O líder incitou brasileiros e uruguaios a pensarem e agirem como região, acima das fronteiras nacionais, que estão “cada vez mais permeáveis”.
“Aqui está o núcleo mais forte da economia da América Latina. Com seu peso, o Brasil deve cumprir o papel de reunir aliados, multiplicar nossos talentos, defender nossa cultura, buscar pontos-chave comuns. É muito o que temos a fazer pela nossa região. Pertencemos à mesma matriz neste continente”, saudou o chefe de Estado uruguaio, que foi condecorado com a Ordem do Mérito Industrial São Paulo.
Parceria
Em entrevista coletiva, o dirigente Paulo Skaf antecipou que o objetivo é realizar fóruns permanentes com lideranças políticas e empresariais dos dois países para manter uma agenda dinâmica, e buscar facilidades para aumentar a pauta e o fluxo comercial entre Brasil e Uruguai.
“Não há fórmula mágica, teremos de arregaçar as mangas”, sintetizou Skaf, que acenou também com a possibilidade de uma parceria com o Senai-SP para formação profissional da mão de obra uruguaia.
Comércio bilateral
O Brasil é o principal parceiro comercial do Uruguai – detém 19% das importações uruguaias mas vem perdendo espaço para a China, que saltou de 10,7% em 2007 para 14% em 2010. A corrente de comércio entre os países atingiu US$ 3,1 bilhões, um crescimento médio de 18,2% ao ano desde 2005. Superavitário para o Brasil até 2009, o saldo comercial no último ano foi favorável ao país vizinho em US$ 43 milhões.
Os principais itens da pauta exportadora brasileira são os manufaturados, como automóveis – 20,1% do total vendido; máquinas e materiais elétricos (11,1%) e máquinas e instrumentos mecânicos (8,4%). Do lado das importações, os principais produtos consumidos do Uruguai são cereais (30%), plástico e suas obras (10,3%) e produtos da indústria de moagem (9,6%).