Falta de mão de obra prejudica 69% das indústrias brasileiras
A falta de mão de obra qualificada prejudica 69% das indústrias de transformação e extrativa do País. Os dados constam na Sondagem Especial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta quarta-feira. Em 2007, quando um estudo prévio foi realizado, 56% das empresas do setor haviam apontado problemas com a qualificação da mão de obra.
Para Renato da Fonseca, gerente-executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, a maior percepção com relação ao problema da mão de obra está associada ao crescimento da economia nos últimos anos. “O crescimento econômico agrava o problema da mão de obra qualificada, porque você precisa produzir mais, com maior qualidade, para ter produtividade e competir com os importados e em mercados estrangeiros.”
O estudo entrevistou executivos de 1.616 empresas de pequeno, médio e grande porte, entre os dias 3 e 26 de janeiro. Uma das principais conclusões do levantamento é que a falta de mão de obra impacta toda a indústria brasileira. O problema afeta com maior intensidade as companhias de pequeno e médio porte (70% do total), segundo a CNI. Nas grandes indústrias, a dificuldade com mão de obra atinge 63% das companhias.
A área de produção é a principal afetada pela escassez de mão de obra qualificada. A maior necessidade está nos cargos de operador de produção (94%), técnicos de produção (82%) e engenheiros de produção (61%). Mas a falta de trabalhador qualificado também é vista nas mais diversas áreas e categorias, segundo a CNI. Para 62% das indústrias, há dificuldades com trabalhadores qualificados para cargos gerenciais. As áreas administrativas (62%), vendas e marketing (71%) e administrativa (66%) também sofrem com a falta de qualificação de mão de obra.
Educação
Renato da Fonseca pontua que a educação básica é o principal entrave para a qualificação dos trabalhadores da indústria. “Foi o tempo em que o trabalhador simplesmente apertava um parafuso. Hoje, em qualquer área tem tecnologia inserida. Isso demanda um conhecimento de lógica, de interpretação e matemática bastante avançado.”
Segundo a sondagem da CNI, 84% das empresas disseram ter dificuldades para capacitar os funcionários. “No longo prazo, se não tivermos um investimento em educação vamos enfrentar problemas de produção.”
Para 52% das indústrias ouvidas, a má qualidade da educação básica é a principal barreira para qualificar os trabalhadores. Outros 38% disseram que perder o trabalhador para o mercado, depois do período da qualificação, é um impedimento. O pouco interesse dos trabalhadores foi citado como dificuldade para 35% das empresas.
Como alternativa para compensar a falta de qualificação, 78% das companhias ouvidas pela CNI disseram ter capacitação na própria empresa para os funcionários. Outras 40% disseram ter uma política de retenção do trabalhador e 33% utilizam capacitação fora da empresa.
Em quatro dos 26 setores pesquisados, as empresas disseram não ter mecanismos para compensar a falta de mão-de-obra. São eles: farmacêuticos, indústrias diversas (ambos com 17%), bebidas (20%) e calçados (21%).
“No Brasil, há uma demanda por profissionais qualificados. Começa-se a mudar uma estrutura de ensino, mas isso demanda tempo e um custo maior para capacitar”, disse Renato da Fonseca.
Setores
A indústria extrativa apresenta falta de trabalhador qualificado em 74% das empresas. O levantamento da CNI mostrou, ainda, que dos 26 setores da indústria de transformação considerado, 25 enfrentam dificuldades em encontrar trabalhadores qualificados.
De acordo com a CNI, o setor de vestuário é o principal afetado pela escassez de mão-de-obra qualificada. Para 84% das companhias do setor consultadas pela confederação, há dificuldades em encontrar trabalhadores qualificados para os postos. Em seguida, aparece o setor de outros equipamentos de transporte (83%). Os setores de limpeza e perfumaria (82%) e móveis (80%) também apresentarão alto índice de dificuldade.
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