Empresas paranaenses investem em inovações tecnológicas

Portas automáticas fabricadas no Brasil, lençol de vidro e pontes de embarque para aeroportos são apenas algumas das tecnologias desenvolvidas por empresas paranaenses que competem de forma igualitária com empresas do exterior. Ao invés de importar tecnologia, as empresas estão optando pela produção nacional.

É o caso das portas automáticas Manusa. A empresa iniciou suas atividades no Brasil, mais especificamente em Curitiba, em 1997, quando um grupo de empresários brasileiros resolveu trazer a tecnologia para o país. Na Espanha, a Manusa foi pioneira na fabricação de portas automáticas e hoje é líder de vendas no mercado europeu. Felizmente as portas automáticas vêm conquistando espaço no mercado brasileiro. Prova disso são os diversos estabelecimentos que hoje adotam esta nova tecnologia. Entre eles estão: aeroportos, hospitais, supermercados, shopping centers, hotéis, edifícios comerciais, lojas de conveniências, farmácias e até mesmo residências.

Com o objetivo de reduzir custos, a empresa passou a fabricar as peças no Brasil. “Hoje trazemos apenas o “cérebro” da automatização, que é a eletrônica da porta. Todos os demais componentes como o chassi, perfilaria de alumínio completa de todos os caixilhos, gachetas, escovas e acessórios nós fabricamos no Brasil, seguindo exatamente o projeto original”, destaca Ricardo Antunes de Macedo, diretor da Manusa. Com isso quem ganha é o consumidor que economiza em torno de 40%. Segundo Ricardo, uma porta automática fabricada no Brasil custa 10 mil reais. Se fosse necessário importar toda ela sairia em torno de 14 mil reais.

A Engevidros, empresa do mesmo grupo da Manusa, também resolveu inovar, implantando um sistema que até então só existia no exterior, na nova fábrica da Cebrace Cristal Plano, em Barra Velha, Santa Catarina. Com quatro grandes arcos metálicos que dão o suporte e 112 placas de vidro, totalizando uma área de 252 metros quadrados, o lençol de vidro está suspenso por cabos de aço e tirantes, de forma totalmente autoportante. Esses cabos suportam as “aranhas” feitas de aço inox, Sistema Spider, que sustentam os vidros.

Para desenvolver esse projeto inédito no Brasil e altamente sofisticado sob o ponto de vista técnico, a Cebrace contratou as empresas paranaenses Engevidros Engenharia de Fachadas e Coberturas de Vidro e Andrade Rezende Engenharia de Projetos, ambas reconhecidas em todo o país.

Coube à Andrade Rezende, empresa especializada em projetos, planejamento, gerenciamento e fiscalização de obras de estruturas metálicas, o cálculo estrutural do sistema. Segundo o engenheiro Jeferson Luiz Andrade, diretor técnico da empresa, o desenvolvimento desta nova tecnologia vai permitir a viabilização projetos mais ousados e inovadores por um menor custo. “Antigamente nós precisávamos importar a tecnologia e, devido aos custos elevados, muitas vezes os projetos não saiam do papel. Felizmente essa realidade mudou”, afirma o engenheiro.

Todas as peças que compõem o lençol de vidro foram desenvolvidas no Brasil e aprovadas pela empresa inglesa Pilkington, que detém essa tecnologia no exterior. O sistema empregado foi desenvolvido especialmente para essa obra, mas está sendo padronizado para poder ser aplicada em outros empreendimentos.

A diferença é que neste caso o custo para importar essa tecnologia era quase o dobro do que foi gasto. O lençol de vidro custou para o cliente mil e quinhentos reais o metro quadrado, preço especial de lançamento do produto, se o material fosse importado, a Cebrace gastaria em torno de mil a mil e duzentos dólares o metro quadrado. Além disso, se o produto viesse do exterior demoraria de seis a nove meses, incluindo a viagem de navio, liberação da alfândega e tudo mais. A fabricação e a instalação duraram apenas quatro meses e, o que é melhor, possui a mesma qualidade do produto importado.

Isso significa que as empresas brasileiras estão competindo de forma igualitária com as empresas do exterior. “Com o know-how adquirido nesta obra, o consórcio Pilkington, vidros mais ferragens, Andrade Rezende, projeto estrutural, e Engevidros projeto executivo, detalhamento e instalação do sistema, podemos agora conceber, vender e instalar em todo o Brasil e porque não no exterior?” comenta Ricardo Macedo.

A nacionalização permite viabilizar o projeto economicamente. Essa não é a primeira vez que a Engevidros investe em inovações tecnológicas, em 1995, desenvolveu o Sistema Engevidros Skylight, um sistema que evita quebra e infiltrações em coberturas de vidros, por esta atitude de vanguarda, hoje a empresa é líder de vendas em telhados de vidros em todo o Brasil.