Embrapa destina R$ 4 milhões a nanotecnologia

Embalagens finíssimas que podem ser deglutidas junto com as frutas que protegem e “línguas eletrônicas” capazes de garantir a qualidade de vários tipos de bebida estão entre as tecnologias que devem ser desenvolvidas por um novo laboratório da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), dedicado às pesquisas com nanotecnologia.

O laboratório da Embrapa Instrumentação Agropecuária, inaugurado ontem em São Carlos (interior paulista), terá investimento inicial de R$ 4 milhões, vindos do Ministério da Ciência e Tecnologia. A idéia é aplicar a manipulação de átomos e moléculas na escala nanométrica (de milionésimos de milímetro) à criação de produtos que possam melhorar o desempenho do agronegócio.

“Queremos impulsionar a geração de inovações, transferindo tecnologia para o setor produtivo”, diz Ladislau Martin Neto, chefe da unidade da Embrapa em São Carlos. “O Brasil é competitivo no agronegócio justamente porque já soube associar a pesquisa à produção agrícola.”

Embora as menções à nanotecnologia possam conjurar na cabeça das pessoas delírios futuristas sobre robôs minúsculos e inteligentes, o alvo da empreitada nacional é mais modesto. A Embrapa já conseguiu avanços com novos materiais, tais como polímeros (moléculas muito compridas, formadas pela repetição de uma unidade básica), que são estruturados na escala nanométrica para funcionar como sensores e filmes protetores, por exemplo.

Tais polímeros estão entre os principais componentes do protótipo de “língua eletrônica” desenvolvido por Luiz Henrique Capparelli Mattoso. O aparelho já facilita a vida dos degustadores de café em Guaxupé (MG), fazendo uma separação prévia dos tipos da bebida e detectando impurezas nela.

“Temos uma empresa incubada aqui na Embrapa e pretendemos partir para a produção do aparelho em escala comercial”, conta Mattoso.

Já o físico Odilio Assis trabalha com películas finíssimas, cuja espessura pode ter só duas ou três camadas moleculares, para proteger frutas ou fatias delas. Elas são aplicadas por meio de sprays ou com um banho e, por serem feitas de polissacarídeos (um tipo de açúcar) ou proteínas, seriam verdadeiras embalagens comestíveis.

“As frutas ainda poderiam ser consumidas em uma ou duas semanas”, conta Assis. A película torna a maturação mais lenta e protege a fruta contra microrganismos decompositores.

Outra aplicação que deve ser investigada por pesquisadores da Embrapa e de outras instituições, que também terão acesso ao laboratório, é a liberação controlada de pesticidas agrícolas ou de nutrientes para o solo e para as plantas. Essas substâncias poderiam ser encapsuladas por “embalagens” com poros nanométricos, que permitiram sua saída de forma gradual. Isso reduziria impacto ambiental e custos.

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