Custo de gás e energia detém expansão de indústrias brasileiras
Custo de gás e energia detém expansão de indústrias brasileirasA indústria brasileira tem sentido sérias dificuldades em manter sua competitividade no mercado industrial, elevar seus níveis de produção e, principalmente, ampliar suas plantas industriais devido ao aumento expressivo do custo do gás natural e da energia elétrica. Há alguns meses, a saída para muitas empresas têm sido projetar expansões em países vizinhos, desistir de construir novas instalações e o pior: muitas empresas nacionais têm perdido espaço para os produtos importados devido ao seu baixo custo de importação.
De acordo com a Abrace – Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres – desde 2004, mesmo com os níveis de inflação não ultrapassando os 40%, o preço do gás nacional teve um aumento de 266% e o da energia elétrica chegou a taxa de 51% de aumento. Ao dar um enfoque maior apenas na questão “eletricidade”, caso fosse avaliado o período entre 2002 e 2003, em que o governo deu início ao processo de realinhamento tarifário, o aumento do valor de energia elétrica atingiria 154%.
Segundo o presidente da Abrace, Paulo Pedrosa, “o resultado desses números é o enfraquecimento da competitividade do produto nacional, o que acarreta na perda de espaço para os produtos importados”. Pedrosa ainda ressalta que o valor do gás natural brasileiro custa por volta de US$ 6,6 o milhão de BTU (Unidade Térmica Britânica), praticamente o dobro do valor cobrado em território americano.
Uma solução mais eficaz, porém, mais cara para as indústrias, seria a construção de usinas próprias, como já vem ocorrendo com muitas companhias atuantes no setor de alumínio. Atualmente, a energia elétrica representa uma fatia de 35% do preço para cada uma tonelada de alumínio produzido. Por isso, contar com usinas para o próprio abastecimento energético foi uma questão de auto-suficiência que garantiu a sobrevivência de muitas indústrias, segundo o coordenador da Comissão de Energia da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Eduardo Spalding “caso as indústrias de produção de alumínio fossem 100% dependentes da energia adquirido no mercado nacional, muitas não conseguiriam mais manter suas operações atualmente.
Contudo, no passado, as indústrias edificaram suas usinas, o que lhes permite a geração de energia com custo mais baixo”, salienta Eduardo, que ainda completa: “O custo da indústria de alumínio no Brasil extrapolou a faixa do mercado mundial”, declarou. O fator mais contraditório e que foi bem observado por Spalding é que, mesmo o Brasil sendo o dono da segunda maior reserva de bauxita e a demanda mundial de alumínio se mostrar muito significativa, há 25 anos o País não vê erguida uma nova unidade de produção de alumínio primário, mais conhecida por smelter. “As empresas apenas expandem suas plantas industriais já existentes”, diz Eduardo Spalding.
Contudo, as empresas mais ousadas, buscam manter e elevar sua competitividade apostando em projetos de expansão em países vizinhos. A Rio Tinto Alcan, por exemplo, desenvolve estudos para instalação de um smelter no Paraguai para produção de 500 mil toneladas. O objetivo da Rio Tinto Alcan é aproveitar a energia proveniente da usina de Itaipu, com preços mais baratos.