Consumo de produtos importados aumenta em 2011

consumo de importados no Brasil aumentou em 2011O consumo de produtos importados no Brasil aumentou 0,5 ponto percentual e chegou a um patamar de 23,4% no terceiro trimestre de 2011, de acordo com os Coeficientes de Exportação e Importação (CEI) da Fiesp, divulgados ontem. O número indica a constante falta de fôlego da indústria brasileira em escoar sua produção no mercado local, de acordo com os Coeficientes de Exportação e Importação (CEI) da Fiesp, divulgados ontem.

O estudo, realizado pelo Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex), também registrou alta nas exportações.

Na comparação com o terceiro trimestre de 2010, o nível de participação dos importados no consumo doméstico era de 22,7%, inferior em 0,7 ponto percentual. “Podemos dizer que 25% de tudo o que é consumido no Brasil hoje, é importado”, alertou o diretor do Derex, Roberto Giannetti da Fonseca. “O que não é de todo mau, se analisarmos do ponto de vista da economia globalizada. No entanto, o que preocupa é a forma como esse aumento está ocorrendo, ou seja, em substituição à produção doméstica.”

Como boa parte dos produtos importados possuem similares nacionais, a importação impulsiona a desindustrialização, já que “poderíamos produzir totalmente o que está sendo importado”, explica o diretor. “Isso é muito grave, pois está matando a indústria e o emprego no pais”.

Embora cresça em menor ritmo, dado o arrefecimento da economia, o Coeficiente de Importação (CI) continua se expandindo em ritmo superior em relação à produção industrial destinada ao mercado interno no Brasil e ao consumo aparente na indústria geral – que neste trimestre apresentou retração de 0,3% em relação ao mesmo período de 2010. O consumo aparente na indústria de transformação, entretanto, apresentou alta de 0,6% em comparação ao terceiro trimestre do ano anterior.

“Apesar dessa alta, verificamos que houve uma queda da produção interna de 0,5% [neste mesmo período], o que demonstra que quem está capturando os pequenos aumentos recentes do consumo aparente são os produtos importados, e não os nacionais”, ressalta Giannetti.

Já a participação das exportações sobre o total da produção industrial brasileira apresentou elevação, tanto para indústria geral como para indústria de transformação. A primeira (que compreende a indústria extrativa) se expandiu de forma mais significativa em relação ao terceiro trimestre de 2010, com alta de 1,0 p.p, enquanto a elevação da indústria de transformação foi de apenas 0,6 ponto percentual.

Na comparação com o terceiro trimestre de 2010, o crescimento das exportações da indústria geral foi de 5,3%, a produção, por sua vez, acresceu apenas 0,1%. Giannetti alerta que o aumento do Coeficiente de Exportação (CE) é positivo e ao mesmo tempo preocupante, uma vez que ocorreu com “queda ou estagnação da produção industrial na maior parte dos setores”.

Em resumo, os dados do CEI mostram que a produção industrial para o mercado externo tem avançado, mas estagnado ou até recuado quando direcionadas ao mercado interno do país.

Setores

Dos 33 setores analisados pela Fiesp, 16 apresentaram alta em seu Coeficiente de Exportação, com destaque para indústrias extrativas, tratores e máquinas para agricultura e máquinas e equipamentos para fins industriais e comerciais, que, neste terceiro trimestre, tiveram alta de 10 p.p, 5,9 p.p e 4,9 p.p, respectivamente, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Dentre os setores que tiveram maior queda do CE estão fundição e tubos de ferro e ação (- 9,8 ponto percentual), materiais eletrônicos e aparelhos de comunicação (-3,7 p.p) e calçados (-2,4 ponto percentual).

O estudo também mostrou que a participação dos importados no consumo aparente cresceu em 29 setores. As principais alta aconteceram nos setores de tratores e máquinas e equipamentos para agricultura (9 p.p), metalurgia de metais não-ferrosos (4,6 p.p), produtos diversos (3,9 p.p) e artigos do vestuário (3,7 p.p).

Os setores que apresentaram maior queda no Coeficiente de Importação foram siderurgia, com 3,6 p.p, e equipamentos de instrumentação médico-hospitalar, com 2,1 p.p.