Conflitos fazem petroleiras cortar produção na Líbia

A Líbia declarou “força maior” em suas exportações, segundo informou a agência Reuters, citando fontes não identificadas. A alegação de motivo de força maior abre espaço para que os produtores não cumpram obrigações contratuais por motivos fora de seu controle. Décimo segundo maior exportador de petróleo do mundo e com uma produção de 1,6 milhão de barris por dia, a Líbia sofreu ontem mais um dia de conflitos e de empresas estrangeiras suspendendo suas atividades.

Empresas petrolíferas que operam no leste da Líbia informaram ontem à noite que os poços de petróleo na região estão sob o controle de forças rebeldes. Segundo a agência de notícias Dow Jones, os poços petrolíferos de Nafoora, Missla e Sarir estão sob o controle da tribo Zawya, que se revoltou contra o governo de Muamar Kadafi.

Os diretores da Arabian Gulf Oil Co., subsidiária da National Oil Co., prometeram lealdade à revolta popular, segundo funcionários da empresa. A Arabian Gulf Oil é uma das maiores petrolíferas estatais da Líbia. Ela sucedeu a outra empresa formada após Kadafi nacionalizar os ativos da British Petroleum, em 1971.Os poços petrolíferos do oeste da Líbia ainda estão sob controle do governo. “Há um risco real para o abastecimento estável de petróleo. Estamos muito preocupados”, afirmou o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Nobuo Tanaka.

“Se o valor de mais de US$ 100 for mantido, o mesmo nível de crise de 2008 será criado”, disse Tanaka, em referência à quebra do banco Lehman Brothers. Opep. Em Riad, ministros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e de países importadores tiveram de mudar sua agenda de reuniões para tentar tranquilizar os mercados.

Arábia Saudita

O principal recado veio da Arábia Saudita, que prometeu aumentar a produção de petróleo se a crise na Líbia afetar o abastecimento mundial. “Ninguém sabe ainda o que ocorre na Líbia. Por enquanto, o abastecimento mundial não foi afetado. Mas, se ocorrer, vamos retificar imediatamente”, garantiu Ali Naimi, ministro do Petróleo saudita. “Não há razão para estar preocupado com o abastecimento.”

A Arábia Saudita tem 4 milhões de barris extras de petróleo por dia, de um total de 5 milhões de barris de capacidade excedente no mundo. Ontem Riad voltou a garantir que o abastecimento será assegurado. Segundo a Opep, mesmo que a Líbia deixe de produzir, o grupo tem combustível suficiente para substituir o petróleo de Kadafi. Para Naimi, portanto, a alta no preço do produto é apenas um efeito da especulação. Crescimento.

O FMI e bancos como Deutsche Bank e Bank of America Merrill Lynch dizem que a crise na Líbia não deve mudar de forma substancial a previsão de crescimento da economia mundial de 4,4% em 2011. Mas todos estão de acordo que uma prolongação dos preços altos do petróleo mudaria o cenário.

Para o banco alemão, a manutenção do preço do barril acima de US$ 100 custaria 0,5% do PIB americano. Para o banco Goldman Sachs, a previsão é de que o petróleo poderia chegar a US$ 110 se a crise continuar. Mas a economia mundial apenas seria impactada realmente se o valor ultrapassasse US$ 120.

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