Cientistas austríacos desenvolvem diesel a partir de madeira
Cientistas austríacos desenvolvem diesel a partir de madeiraUma grande refinaria de petróleo da OMV fica nos arredores de Viena. Não há nada de sustentável nesse lugar, com seus tubos de aço brilhantes, tanques e torres lançando chamas no ar. Mas, no meio dessa refinaria de combustíveis fósseis, há uma nova unidade que se dedica à produção de combustível mais limpo e mais verde para carros. É a unidade BioCrack e suas operações convertem biomassa, como palha e lascas de madeira, em diesel.
Edgar Ahn é responsável por pesquisa e desenvolvimento da Bio Energy International. A fábrica BioCrack utiliza tecnologia de sua empresa. Ele explicou que a unidade austríaca é a primeira do tipo no mundo.
“Há uma série de grupos de pesquisa que fazem etapas similares do processo de produção de diesel pela madeira. Estamos juntando o material com um subproduto da indústria de óleo mineral e convertendo o resultado em diesel”, explicou.
O processo envolve o aquecimento da biomassa, neste caso aparas de madeira ou palha, com o óleo pesado, resultando em diesel com até 20% do teor de biomassa.
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As florestas da Áustria são uma importante fonte de riqueza para o país. Mas, enquanto os povoamentos são abundantes e saudáveis, ambientalistas estão preocupados com o impacto sobre as florestas se elas forem exploradas para obtenção de combustível.
“Temos medo de que, no longo prazo, isso leve a uma situação onde muito da biomassa é retirada das florestas”, disse Jirrien Westerhof, especialista em energia do Greenpeace. “Isto conduz a uma degradação dos solos florestais e também à tomada de carbono muito fora do solo, fora do ecossistema. Assim, é concebido para ser uma solução, mas no longo prazo, pode ser um problema”.
Pesquisador no Austrian Internacional Institute for Applied Systems Analysis, Hugo Valin disse que culturas como milho e cana-de-açúcar já estão bem desenvolvidas como fontes de combustível renovável. Mas resíduos de madeira e agrícolas não. Apesar dos desafios ambientais, ele vê com otimismo o futuro da madeira para a produção de diesel.
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“Isso depende muito da maturidade da indústria da floresta”, disse Valin. “Em muitas regiões que você tem subutilização dos resíduos de madeira, é possível coletar da floresta. Pessoas agora começam a usar o material, o que é bastante promissor, porque você usar o potencial que estava lá sem aumentar tanto a pegada ambiental”.
Ahn insiste que o aumento da produção de diesel a partir de produtos de madeira não significa que mais árvores serão derrubadas. “Isso não é a nossa intenção, queremos sempre utilizar os resíduos de madeira, proveniente de florestas e vindo da indústria de serração”, explicou. “Também usamos palha e restos da produção agrícola. Portanto, não temos a intenção de fazer desmatamento em massa para este processo”.
Na Indonésia, por exemplo, a demanda por biocombustíveis piorou o desmatamento, tornando o país um dos principais produtores de gases de efeito estufa no mundo.
A refinaria da OMV, equipada com a tecnologia da empresa de Edgar Ahn, está avançando. A empresa disse que a planta BioCrack ajudará suprir energia dessa fonte. Além disso, a empresa argumenta que este processo vai ajudar a Áustria a atingir as metas estabelecidas pela União Europeia para proteção climática, já que 10% do combustível (gasolina e diesel) nos estados membros da UE deve vir de fontes renováveis. Resta saber se as consequências serão realmente vantajosas para o meio ambiente.
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