China não é uma economia de mercado, diz Fiesp

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) tem acompanhado, com preocupação, as práticas econômicas conduzidas pelo governo da China, bem como seus efeitos no comércio internacional e, em particular, no setor industrial brasileiro.

O grau de interferência estatal da China em sua economia demonstra que o país não opera em condições predominantes de livre mercado, conforme se tem verificado em inúmeras investigações de defesa comercial pelo governo brasileiro, e também por outros importantes atores internacionais, como os Estados Unidos, a União Européia e a Índia.

A intensidade da intervenção governamental chinesa é, particularmente, refletida em sua política cambial. Ao atrelar o yuan aos movimentos do dólar norte-americano e desvalorizar sua moeda artificialmente, a China desloca outros exportadores em terceiros mercados.

Estima-se que a taxa de câmbio chinesa esteja defasada em 40% em relação ao seu valor real de mercado, tendo contribuído para o aumento da participação da China no comércio mundial de manufaturas para 12%, em 2009, contra 4%, em 2001, ano em que o país foi aceito na Organização Mundial de Comércio (OMC).

A indústria brasileira, em especial, tem sido gravemente atingida. As importações provenientes da China avançam cada dia mais sobre o nosso mercado, substituindo bens nacionais, inclusive intermediários – o que fragiliza nossas cadeias produtivas e reduz o valor agregado da produção brasileira. Por outro lado, nossas exportações também têm sido deslocadas em terceiros mercados pelas manufaturas chinesas.

Neste contexto, a Fiesp reitera seu posicionamento favorável à manutenção da China como economia que não opera em condições de mercado, conforme permite a Organização Mundial do Comércio (OMC). Este firme posicionamento é fundamental para assegurar a proteção conferida pelos mecanismos de defesa comercial.

Por sua vez, esta federação também entende que o governo brasileiro deve discutir com a China, por ocasião da visita ao Brasil de seu presidente, os efeitos de sua política cambial e a necessidade de incrementar seu valor real em futuro próximo.

A Fiesp rechaça a utilização de medidas protecionistas arbitrárias e defende o comércio justo e leal. Segundo Paulo Skaf, presidente da entidade, “a China é um parceiro estratégico para o mundo, devendo assumir suas responsabilidades no equilíbrio da economia internacional”.

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo