Bosch disputa liderança mundial com a Delphi
As contas dos seus executivos, a Robert Bosch , há anos no segundo lugar entre os maiores fabricantes de componentes automotivos do planeta, chegará ao primeiro posto dentro de quatro semanas, prazo para o encerramento do exercício de 2004.
A liderança desse mercado pertence hoje à americana Delphi, que além de maior é também o mais diversificado produtor de autopeças do mundo. Segundo cálculos de Kurt Liedtke, membro do conselho da Bosch mundial e vice-presidente do grupo nas Américas, a expectativa de alcançar receita de ? 25 bilhões no segmento automotivo conduzirá a empresa ao primeiro lugar. Incluindo todas as atividades, o faturamento total deverá alcançar ? 40 bilhões.
Além de estar crescendo fora da Europa ocidental, região de origem, a Bosch conta com a vantagem de concentrar os custos de produção em euro, que vem se mantendo mais valorizado que o dólar, a moeda do país de origem da Delphi, onde se concentra a maior parte da sua atividade.
Para Liedtke, uma das maiores vantagens no planejamento de investimentos e expansão da Bosch é estar livre da pressão de acionistas. Por força de testamento do fundador, 92% das ações pertencem a uma fundação. Os 8% restantes estão nas mãos dos herdeiros de Roberto Bosch, o fundador.
Contemporâneo de Thomas Edison, com quem conviveu na América, o especialista em mecânica Robert Bosch retornou ao seu país de origem, a Alemanha, aos 25 anos e fundou, em 1886, uma oficina mecânica. Foi responsável pela fabricação da primeira ignição eletrônica um ano mais tarde.
O processo de crescimento e desenvolvimento tecnológico da empresa acompanhou a evolução dos carros. Robert Bosch ficou ainda conhecido na Europa pelos avanços sociais. Em 1906 criou a jornada de oito horas, atendendo a uma reivindicação dos sindicatos e que a legislação alemã só viria a atender 12 anos depois.
A primeira guerra mundial abalou os negócios da empresa, que destinava 88% da produção a outros países, incluindo os que entraram em conflito com a Alemanha. A partir daí, diversos países elaboraram a própria estrutura de organização industrial automobilística. Daí surgiria a expansão da Bosch. E a diversificação, que culminou, mais tarde, com a produção de ferramentas e aquecedores, inclusive no Brasil.
Em 1942, Robert Bosch morreu. Preocupado com os rumos que a empresa poderia tomar após a sua morte, deixou um testamento com metas econômicas, sociais e culturais, flexíveis a realidades futuras. O fato culminou na criação da Fundação Robert Bosch, em 1964, detentora de 92% do capital da empresa.