África Ocidental quer parceria com indústria brasileira
Motivada pela política brasileira de biocombustíveis, uma comitiva da Comissão da União Econômica e Monetária do Oeste Africano (Uemoa) visitou a Fiesp nesta quinta-feira (29). Os africanos foram recebidos pelo diretor titular do Departamento de Energia da Fiesp, Carlos Cavalcanti, e pelo diretor adjunto do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior, Thomaz Zanotto.
“Os objetivos do Brasil são os objetivos do futuro”, afirmou o presidente da Comissão da Uemoa, Soumaila Cissè, ao conhecer detalhes da política de biocombustíveis, apresentada pelo diretor Carlos Cavalcanti. “As mudanças climáticas são realidade e nos países da Uemoa já vemos seus efeitos de maneira mais dramática. Sabemos que o continente africano será o mais prejudicado”, comentou.
Cissè explicou que as tecnologias desenvolvidas no Brasil interessam aos países africanos. “Temos matéria-prima e poderemos oferecer trabalho aos camponeses”, completou. O presidente da Comissão acredita que uma parceria com o Brasil para a produção de biocombustíveis poderia minimizar problemas sociais dos países do oeste africano.
Já o diretor Cavalcanti lembrou que “sem independência energética não é possível ter desenvolvimento econômico e social”. Ele falou ainda que a experiência do Brasil com biocombustíveis em grande escala “é única no mundo” e que o país está desenvolvendo pesquisas para que, a exemplo dos veículos leves, o etanol também seja usado em veículos de carga e de transporte (como ônibus e caminhões), além de turbinas nas indústrias.
Atraso
O presidente da Comissão da Uemoa cobrou investimentos brasileiros na África. “Temos presença forte de Índia e China, mas o Brasil não está presente.Entretanto, estou convencido de que em breve vocês terão previsão do que podem fazer lá”, afirmou.
Cavalcanti, da Fiesp, reconheceu que o Brasil está atrasado na participação em projetos africanos e prometeu empenho da classe empresarial para investir no continente.
Por outro lado, o diretor Thomaz Zanotto disse que “o Brasil está atrasado, mas está despertando para isso”. Segundo ele, há grandes interesses de empresas, especialmente as de construção e de mineração.
O embaixador do Brasil em Burkina Fasso (um dos países da Uemoa), Santiago Luis Bento Fernández Alcázar, revelou que o governo brasileiro está “entusiasmado” e considera este “um novo começo” nas relações do Brasil com a África Ocidental. “O ponto de partida foi a África e o ponto de chegada será a África”.
Uemoa
A União Econômica e Monetária do Oeste Africano é uma organização de integração regional criada em 1994 e reúne os seguintes países: Benim, Burkina Fasso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Mali, Níger, Senegal e Togo. Todos eles têm em comum a mesma moeda, o franco.
Lucas Alves, Agência Indusnet Fiesp