Açúcar e etanol devem se equilibrar
O mercado de açúcar voltou a apresentar alta, em sintonia com as commodities que se recuperaram depois de navegarem em território negativo. “Porém, acredito já termos visto a alta do mercado esse ano. Mesmo porque, para repetir o valor negociado no vencimento março, que foi de 36,08 centavos de dólar por libra-peso (no dia 2 de fevereiro), maio teria que subir mais de 25%; outubro/2011 e março/2012 teriam que subir mais de 40%. Haja mudança do mercado para apoiar esse movimento. De qualquer forma, o fato de já termos presenciado a alta do ano não quer dizer que o tom tenha que ser baixista”, acredita Arnaldo Corrêa, gestor de riscos e diretor da Archer Consulting.
De acordo com o gestor, o mercado de açúcar é outro desde 2005 com a chegada dos carros flex. “Por mais paradoxal que possa parecer, e apesar da volatilidade altíssima que temos presenciado no açúcar, o etanol e o açúcar estão muito mais aderentes (correlacionados em termos de preço) do que estavam antes de 2005”, afirma ele.
Um estudo da Archer Consulting comprova isso. Correlações entre 0,85 e 0,89 abrem as portas para operações de hedge de etanol usando a bolsa de NY, se o volume necessário for maior do que a BM&F Bovespa pode propiciar.
Num relatório sobre o petróleo, publicado na última quinta-feira, a MB Associados aponta que a tendência de elevação nos preços do petróleo teve início já no final de 2010, quando começou a ficar mais claro que a recuperação mundial, em especial nos países emergentes e, mais recentemente, nos EUA. Essa retomada reduziu os estoques mundiais, os quais haviam subido fortemente no ápice da crise em 2009.
Para Arnaldo, isso sugere uma situação apertada nesse mercado que começa a se refletir nos preços (esta semana o petróleo subiu quase 15%). A MB observa que o preço do petróleo deve continuar pressionado nos próximos meses, podendo, inclusive, bater os 120 dólares o barril, mas deverá encerrar o ano, em torno dos 100 a 110 dólares o barril na média anual.
“Traduzindo isso para o etanol, o mercado tem um suporte nos preços acima do custo de produção. A queda das cotações em NY pode se constituir numa oportunidade de compra. Por outro lado o governo brasileiro tem a difícil missão de absorver o impacto da elevação do preço do petróleo no mercado internacional, não contaminando o preço da gasolina no mercado interno que é um alimentador da inflação, suprir o mercado de combustível e comprar etanol a preços que não incentivem as usinas a produzirem mais açúcar”, explica Arnaldo.
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