Aços Villares investe em fonte de matéria-prima para garantir expansão
Um problema visto como sério por executivos ameaça os futuros planos de expansão da siderúrgicas mundo afora: escassez de matérias-primas e insumos aliada a aumentos recordes de seus preços preços no mercado internacional. Os principais itens usados na cadeia de produção do aço são minério de ferro, sucata, ferro-gusa, coque, carvão, energia, entre outros, como ferro-ligas diversas.
Esse foi o principal fator que motivou a Aços Villares, companhia controlada pelo grupo espanhol Sidenor, dono de 58,4% do capital total, a buscar alternativas de suprimento de suas usinas. ‘Estamos estudando uma solução que nos permita, em cinco a sete anos, dobrar a capacidade de produção da empresa em duas etapas’, afirmou José Maria Montero, presidente da siderúrgica.
A Villares, que fabrica aços para construção mecânica (cerca de 80% para setor automotivo) e cilindros de laminação, hoje tem capacidade de 700 mil toneladas de produtos acabados. A idéia é crescer em torno de 300 mil em três anos e outro tanto ou mais em na segunda fase. O grupo Gerdau é seu principal concorrente no país.
Há poucos dias, a empresa firmou acordo de investimento de R$ 35 milhões na Tecno-Logos, empresa detentora da tecnologia Tecnored para fabricação de ferro. Desenvolvida há mais de duas décadas por empreendedores brasileiros, a tecnologia permite produzir ferro-gusa a partir de minerais finos de ferro (pellet-feed) e carvão ou resíduos, lamas e pós, com baixo consumo de energia elétrica e nenhum uso de oxigênio. ‘É um conceito novo, diferente da siderurgia tradicional’, observou Marcos Contrucci, diretor da Tecnocom, acionista da Tecno-Logos.
Segundo Contrucci, a Tecnored é uma tecnologia limpa por usar materiais residuais, grande parte deles descartados em bacias de rejeitos de mineradoras e de empresas usuárias de ferro-gusa e carvão. Por isso, o processo foi selecionado no Canadá pelo Sustainable Development Technology Canada (STDC) para receber 5 milhões de dólares canadenses como apoio financeiro de um projeto de produção de ferro a partir de resíduos (pós) da siderúrgica Algoma.
A Villares estudou o projeto durante seis meses e tomou a decisão de fazer a primeira unidade com capacidade de 75 mil toneladas. O local ainda não foi definido. Poderá ser em uma de suas duas usinas (Mogi das Cruzes e Pindamonhangaba), junto a uma mina de ferro ou ao lado de um porto. Segundo Montero, a usina deverá iniciar operação em meados de 2006.
Uma vantagem do processo, segundo Contrucci, é que ele é modular e o produto final (para altos-fornos e fornos elétricos) será disponível em forma sólida (aglomerado) ou líquida. De porte mínimo de 75 mil toneladas, como foi também desenhada a usina canadense, poderá ser replicada várias vezes. E ainda ser montada com porte de até 1,2 milhão de toneladas.
O custo de instalação, informou, é de US$ 120 a tonelada, ante US$ 480 da siderurgia convencional. Um acordo com a Danieli Corus foi firmado para venda da tecnologia em diversos países.
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