Acesita busca mercado nas Américas
A Acesita, siderúrgica controlada pela grupo Arcelor Mittal, desenhou um plano estratégico para manter a liderança entre as mais rentáveis produtoras de aços inoxidáveis do mundo. Até 2010, a empresa pretende mudar o destino de suas exportações, ampliando sua presença nos países das Américas do Sul e Central e reduzindo gradativamente as vendas na Ásia. Quer também difundir o consumo interno de inox, que hoje é de 1,1 quilo por habitante, ou cerca de 180 mil toneladas.
De acordo com projeções da Acesita, o mercado interno de inoxidáveis pode alcançar, até 2010, cerca de 270 mil toneladas. No restante da América do Sul, o consumo pode subir das 94 mil toneladas para 122 mil.
“Daqui a dois ou três anos, a China vai representar, sozinha, expansão de 15% do suprimento de aço inox no mundo. Vai se tornar também auto-suficiente. A competição entre os produtores de aços especiais, que já é acirrada, vai ficar ainda mais difícil”, afirmou ao Valor Jean-Philippe Demaël, presidente da Acesita. Hoje, a Ásia representa 36% das exportações totais da empresa; América do Norte e Central respondem por 18%. O restante é dividido entre a América do Sul e Europa.
A empresa pretende fazer uma série de ajustes na sua linha de produção. A primeira fase do plano está orçada em R$ 90 milhões. Esses recursos serão usados para adaptar seus produtos às exigências do mercado sul-americano, cortar custos de produção em até 30% e melhorar a rede de distribuição e de prestação de serviços. Essas ações estão divididas em cinco eixos e deverão representar, entre 2007 e 2010, economias para empresa de R$ 364 milhões.
A estratégia, porém, não deverá envolver a ampliação da capacidade de produção. Segundo Demaël, as instalações atuais são suficientes para abastecer o mercado até 2010. Outros aportes deverão ser liberados à medida que o plano estratégico avançar.
Uma das primeiras ações será o fortalecimento da rede de distribuição na América do Sul. A empresa vai instalar nos próximos 18 meses uma unidade de serviços em Barranquilla (Colômbia), com capacidade de processamento de 2 mil toneladas mensais. Os investimentos de US$ 5 milhões serão divididos entre a Acesita, a Arcelor Stainless (divisão de inoxidáveis da Arcelor) e um sócio local. A empresa pretende instalar (ou adquirir) unidades semelhantes no Chile e na Argentina e também na região Sul do Brasil.
A Acesita também pretende estimular a utilização do aço inox nas cadeias industriais de segmentos como o da construção civil, transformadores e motores, eletroeletrônicos de linha branca e cutelaria.
Outra medida desenvolvida pela Acesita é a redução do uso de níquel na produção de inoxidáveis, por conta dos altos preços da commodity no mercado internacional. “Temos expertise na fabricação de produtos com menos níquel do que nossos concorrentes”, afirmou o presidente da empresa.
Uma das apostas é aumentar a produção de aços siliciosos (usados principalmente na fabricação de grandes motores, hidrogeradores e geradores de alto porte). O tipo GO (grão orientado) irá de 50 mil para 60 mil toneladas ao ano na fábrica de Timóteo (MG). Para o GNO, está em curso uma expansão de 150 mil para 250 mil toneladas, suficiente para suprir o mercado até 2010. Nos dois produtos, o investimento total aprovado em 2005 é de R$ 90 milhões.
A usina também deve passar por modificações para ampliar a largura máxima das chapas e reduzir espessura, uma exigência do mercado consumidor. Cerca de 35% das vendas na América do Sul (exceto Brasil) é desse tipo de material, que tem sido importado.
Até 2009 a empresa espera alimentar seu segundo alto-forno com carvão vegetal no lugar de carvão mineral. Pretende também em 2007 converter de gás líquido para gás natural o sistema energético da usina. O contrato já foi assinado com a Gasmig.