China ameaça máquinas para o setor de plástico
Embora tenha registrado um faturamento nominal no ano passado de R$ 801 milhões, um crescimento de 9% em relação a 2004, os fabricantes nacionais de máquinas para o setor de plástico vem sofrendo uma forte ameaça com o aumento das importações, principalmente de produtos oriundos da China, assim como já ocorre em diversos setores da indústria.
A ameaça é ainda mais visível se for tomado como base o expressivo crescimento que o setor registrou em 2004, de 56,7%, em relação ao ano anterior. “Mesmo que 2003 seja uma base fraca de comparação, a queda no crescimento em 2005 para 9% foi muito impactante para as empresas nacionais”, conta Guido Pelizzari, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Acessórios para a Indústria de Plásticos (CSMAIP) da Abimaq.
Para se ter uma idéia da invasão chinesa, as importações brasileiras de máquinas e equipamentos para o setor de plástico provenientes do país asiático cresceram 238% de 2004 para 2005, passando de US$ 5,689 milhões para US$ 19,258 milhões. No mesmo período, o total de importações neste segmento passou de US$ 149,37 milhões para US$ 303,558 milhões, aumento de 103%. As exportações caíram 6%, de US$ 61,09 milhões em 2004 para US$ 57,45 no ano passado.
O caso das máquinas injetoras para plástico é um dos mais problemáticos. Em 2004, o Brasil importou 279 máquinas por US$ 3,854 milhões, representando um peso total de 2,146 milhões de quilos. Já no ano passado, a importação de injetoras saltou para 525 máquinas, totalizando US$ 10,810 milhões e um peso de 4,228 milhões de quilos.
“A indústria nacional está sendo canibalizada pelas máquinas asiáticas e de outros países, como Alemanha, Itália e Estados Unidos”, sentencia Guido Pelizzari. “É praticamente impossível competir com os preços chineses, de US$ 2,76 por quilo, enquanto o valor no mercado internacional está entre US$ 11 e US$ 12 por quilo”, explica o dirigente da Abimaq.
Segundo o executivo, o “custo Brasil” também tem uma grande dose de contribuição no fraco desempenho do setor em 2005. A política cambial, com o dólar desvalorizado, que facilita as importações, a taxa de juros básica, hoje disparada a maior do mundo, e a carga tributária elevada têm um enorme peso para as empresas nacionais. “Todos esses fatores representam um custo de 30% para os fabricantes, o que diminui a competitividade do produto nacional no mercado exterior”, ressalta Pelizzari.
A Abimaq vem atuando junto ao governo para que os órgãos competentes criem medidas restritivas à importação de produtos asiáticos, entre elas a implementação de salvaguardas, a redução da carga tributária que incide sobre o setor de bens de capital e a diminuição do “custo Brasil” para as máquinas nacionais. “Já obtivemos algum êxito com as denúncias de práticas ilegais no processo de importação, como o uso indevido do regime de ‘ex-tarifário’ e o subfaturamento do valor dos produtos. No entanto, é preciso adotar outras ações de proteção ao produto nacional e que tornem a indústria brasileira mais competitiva”, conclui Guido Pelizzari.
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